Quando o público entra no teatro do Centro de Referência Cultura Infância/Teatro Municipal do Jockey, a arena em cena está prestes a receber um embate definitivo. Decadente, o toureiro El Niño (Daniel Dias da Silva) se prepara para enfrentar o touro ‘miúra’ Florentino (Gustavo Falcão). Durante 70 minutos, a ação dramática leva ao limite um confronto poético-existencial imensamente humano, como se verá em Matador, primeiro texto do premiado dramaturgo venezuelano Rodolfo Santana (1944-2012) a ser montado no Brasil.A encenação chega ao Rio sob a direção de Herson Capri e Susana Garcia, com figurinos de Marcelo Marques, iluminação de Paulo César Medeiros, trilha sonora de Ricco Viana e direção de movimento de Suely Guerra.
Vivendo os vertiginosos personagens estão os atores Daniel Dias da Silva e Gustavo Falcão, idealizadores do projeto e sócios na Territórios Produções Artísticas. A montagem – que estreou no Parque das Ruínas em janeiro com enorme sucesso – inicia segunda temporada no Rio dia 29 de março, às 21h, no Centro de Referência Cultura Infância / Teatro Municipal do Jockey, na Gávea. “A tauromaquia não passa de um pano de fundo de cores dramáticas para tocar em temas profundos e pertinentes”, destaca o ator Daniel Dias da Silva. “Realizar a montagem de Matador envolveu trabalho árduo, esforço genuíno, entrega, dedicação e admiração”, pontua o ator Gustavo Falcão.
Logo no início da trama, Florentino atinge seu oponente em cheio. A partir daí, talvez em delírio – o público vai poder tirar suas próprias conclusões –, toma forma um inusitado diálogo entre os dois, quando discussões sobre vida e morte, amor e ódio, perpassam aspectos existenciais como o sentido da religião, da arte, dos sonhos e das expectativas na vida contemporânea.
“Matador é um texto muito difícil de encenar. O seu universo é muito distante da nossa realidade, nós não conhecemos a tauromaquia. Mas, ao mesmo tempo, tudo nele é tão interessante e instigante que as suas abordagens se tornam universais”, pontua Herson Capri, que divide a direção com Susana Garcia.
Sobre os atores
Natural de Recife, Gustavo Falcão começou lá sua carreira, onde chegou a receber o Prêmio de Melhor Ator de 1999, concedido pela Apacepe (Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco), por sua atuação em “Por um Amor no Recife”. Mas foi a peça “A Máquina”, de João Falcão, que o tornaria conhecido do grande público e, mais tarde, adaptada para o cinema, que lhe renderia o Prêmio de Ator Revelação, no Festival de Cinema de Natal. Entre os seus trabalhos mais recentes estão as peça “Ariano”, musical dirigido por Gustavo Paso em homenagem a Ariano Suassuna, e “Bartleby, o Escriturário”, dirigido por João Batista. No cinema, está no elenco dos longas metragens “Fica Comigo Esta Noite”, de João Falcão, “Árido Movie”, de Lírio Ferreira, “As Mães de Chico Xavier”, de Glauber Filho e Halder Gomes e “Praça Saens Peña”, de Vinícius Reis. Na TV, atuou em novelas, como “Cobras e Lagartos” e “As Filhas da Mãe”, além das séries “Mandrake”, da HBO e “Carandiru – Outras Histórias”, da Rede Globo.
Daniel Dias da Silva é ator, autor, diretor e tradutor. Formado pelo Curso de Arte Dramática da Universidade Federal do Ceará, estudou dramaturgia no Instituto Dragão do Mar. No Rio de Janeiro desde 1998, dedicou-se mais intensamente à direção, tendo trabalhado como Diretor Assistente de Gracindo Junior, Luiz Arthur Nunes, Walter Lima Junior em espetáculos de sucesso, como “Com a Pulga Atrás da Orelha”, “Dois na Gangorra” e “Fica Comigo Esta Noite”. Dirigiu diversas peças, como “Cara a Tapa”, “A Moratória”, “Depois Daquele Baile” e “Dirigir-se aos Homens” (nas quais também assinou a co-produção), além dos infantis “Caqui – uma Fábula Circense” e “Êta, Seu Bonequeiro” (ambos contemplados com o Prêmio FUNARTE / Myriam Muniz). Seu mais recente trabalho foi na direção do musical infantil, “O Gato de Botas”, com Andrea Veiga. Atuou nos longas “Eu Não Conhecia Tururu”, de Florinda Bolkan e “As Mães de Chico Xavier”, de Glauber Filho e Halder Gomes, além de diversos curtas. No teatro, esteve no elenco dos espetáculos “Um Sopro de Vida”, dirigido por Roberto Bomtempo, “O Santo Parto”, de Lauro César Muniz, direção de Luiz Arthur Nunes e no infantil “Escola de Anjos”, dirigido por Gamba Junior. É autor das peças “Oropa, França e Bahia” (adaptada para longa-metragem, com direção de Glauber Filho), “Eu Sou Mais 500”, “A Terra é Azul” e “Uma Canção Para Eulália”, entre outros. Desde 2008, ocupa o cargo de diretor do Teatro João Caetano, um dos mais antigos e importantes teatros do Rio de Janeiro, paralelamente com sua carreira artística. Ao lado de Gustavo Falcão e Juliana Féres, montou a “Territórios Produções Artísticas”.