Apesar das inquietações, angústias e impasses cotidianos, quatro amigos tentam a coragem de buscar a alegria. Com concepção e dramaturgia da companhia Luna Lunera, de Belo Horizonte, “Prazer”, teve orientação dramatúrgica de Jô Bilac, colaboração artística da atriz Roberta Carreri (OdinTeatret), do bailarino e coreógrafo Mário Nascimento e do videoartista Éder Santos. A peçaestreia noCCBB Rio no dia 11 de abril. A temporada será de quarta a domingo, às 19h. Ingressos a R$6.
Um fragmento do livro “Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres” de Clarice Lispector, em que um dos personagens diz que “uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente” inspirou a companhia mineira a iniciar o processo de criação deste trabalho. “Não tivemos a pretensão de adaptar um de seus textos ou de construir uma encenação que traduzisse seu universo simbólico”, explica Isabela Paes. “A concepção partiu das reflexões, afetos e movimentos internos gerados por estas leituras”, ou seja, “sua obra norteou o processo como fonte de inspiração e alimento poético”, conclui.
DIREÇÃO COMPARTILHADA
A proposta de direção de “Prazer” vem dar continuidade a uma pesquisa que teve início em 2007, quando a companhia vivenciou um processo inédito em sua trajetória. Cada ator desenvolveu um projeto de direção, tendo como mote o conto “Aqueles Dois”, de Caio Fernando Abreu, e teve uma semana para dirigir os demais atores. A princípio, um dos projetos seria eleito e um dos atores seria o diretor do espetáculo. Mas os mineiros decidiram experimentar a criação de um espetáculo com direção e dramaturgia compartilhadas.A peça estreou em 2007,em Belo Horizonte, e segue em cartaz até hoje, tendo sido apresentada em mais de 60 cidades brasileiras, e no México.
Em 2003, a Cia. vivenciou o estudo prático e teórico do Processo Colaborativo, sistematizado por Antônio Araújo (Teatro da Vertigem), que visa horizontalizar as relações na criação do espetáculo. Desta forma, os pilares direção-atuação-dramaturgia trabalham juntos na sala de ensaio, sem texto dramático prévio. Na ocasião, o Luna Lunera construiu a peça “Nesta Data Querida”, seguindo o modelo proposto por Antônio Araújo, com a presença de um diretor, um dramaturgo e os atores.
A partir de “Aqueles Dois”, viu-se concretizada na Cia. a possibilidade de uma direção e dramaturgia compartilhadas, seguindo os preceitos metodológicos do Processo Colaborativo e, ao mesmo tempo, extrapolando-os ao desenvolver outros procedimentos para abarcar esse modelo de criação.