A exposição "O abrigo e o terreno" reúne artistas e iniciativas de diversas regiões em torno de uma questão que – dadas as reformas urbanísticas que hoje transfiguram o Brasil, principalmente o Rio de Janeiro – se faz especialmente urgente: as concepções de cidade e as forças que se aliam e se conflitam nas transformações urbanísticas, sociais e culturais do espaço público/privado. Entrecruzando distintos horizontes políticos e estéticos – como a ideia de cidade do homem nu de Flávio de Carvalho (1930), a constatação de uma cidade de casas fracas (Clarice Lispector em O Mineirinho, 1962), o projeto de urbanização da favela Brás de Pina (escritório Quadra, década de 1960) ou a atuação de artistas (2003-2007) na ocupação Prestes Maia, em São Paulo –, a mostra problematiza a propriedade, a posse e o usufruto dos espaços sociais –o terreno – e os modos como produzem política e subjetividade, do direito à habitação ao desejo de abrigo.
Concebida como um laboratório de diálogos e antagonismos que percorre o século XX e invade a contemporaneidade, O abrigo e o terreno inclui ainda uma programação de atividades com intervenções, debates, palestras e publicações.
Já a exposição "Vontade Construtiva na Coleção Fadel" dá continuidade à participação da família Fadel no debate cultural brasileiro, oferecendo ao público a experiência de sua coleção. A exposição apresenta caminhos do ideário construtivo configurados no Brasil, por pesquisas individuais e movimentos coletivos, desde as primeiras aproximações das vanguardas artísticas europeias nas décadas iniciais do século XX, quando a geometria era usada como indício da razão humana e modo de ordenação da realidade, até os seus desdobramentos entre os anos 1960 e 1980, quando o experimentalismo incorporou a questão sociopolítica, o conceitualismo e a revisão do modernismo.
Um instante especial nesse processo aconteceu após a Segunda Guerra Mundial, com a adoção do abstracionismo geométrico como linguagem artística universal. Outro momento crucial foi constituído pelas diferentes práticas do concretismo na década de 1950, pautadas no caráter não representativo da arte, na matemática e na lógica industrial, pretendendo rever os parâmetros artísticos e redesenhar o ambiente social, que produziram obras e debates que culminaram na dissidência neoconcreta. Em paralelo, são destacadas pesquisas individuais que interpretaram livremente o construtivismo, em diálogo com outras vertentes artísticas e tradições culturais.
O público pode conferir ainda a exposição "Rio de Imagens: uma paisagem em construção" descortina um olhar sobre a representação da cidade ao longo de quatro séculos. A partir de cerca de quatrocentas peças — da cartografia ao vídeo, passando por pintura, gravura, desenho, fotografia, escultura e objetos de design —, a exposição enfoca a criação de um imaginário sobre a cidade, seus desdobramentos e transformações.
São destacadas obras de arte que contribuíram para formar uma iconografia da paisagem carioca, por meio de uma seleção que vai do início do século 19 até os dias de hoje (sendo a maioria oriunda de coleções particulares, o que torna ainda mais especial a oportunidade de vê-las reunidas).
Entre os mais de sessenta artistas participantes, estão nomes formadores da arte brasileira, como Burle Marx, Castagneto, Dall’Ara, Di Cavalcanti, Facchinetti, Goeldi, Iberê Camargo, Ismael Nery, Lívio Abramo, Manabu Mabe, Pancetti, Segall, Tarsila, Taunay, Thimóteo da Costa, Vieira da Silva, Vinet e Visconti, juntamente com representantes de destaque da arte contemporânea. Salas especiais revelam tesouros da produção de panoramas, mapas e artes aplicadas.
As exposições estão abertas até o dia 31 de dezembro. dom, ter, qua, qui, sex e sáb 10:00 até 17:00 ter e qua Grátis; dom, qui, sex e sáb R$ 8.00