Grupo Os Tapetes Contadores de Histórias comemora 15 anos com exposição interativa

Sessões de histórias, oficinas, palestras e rodas de histórias na CAIXA Cultural. Toda a programação é gratuita!

A CAIXA Cultural Rio de Janeiro está apresentando a mostra Os Tapetes Contadores de Histórias com a programação que comemora 15 anos de trabalho do grupo carioca, pioneiro no Brasil nesta arte, síntese de uma linguagem singular, que alia artes plásticas, animação de formas e teatro. Sob a curadoria de Cadu Cinelli, Helena Contente e Warley Goulart.

O carro-chefe da mostra é uma exposição interativa composta por 20 cenários tridimensionais, cada um deles representando uma história que será apresentada durante a temporada. São tapetes, malas, aventais, caixas e livros de pano confeccionados no Brasil, Peru e França, que falam por si. Ou quase. Pais e filhos poderão tocar nas obras, nos livros, contar e inventar histórias. O único pedido da organização é que todo mundo tire os sapatos ao entrar no salão da mostra. Os 20 cenários tridimensionais, produzidos em tecido, servem de fundo para contos populares de origens diversas, como África, Europa e América do Sul, além de grandes nomes da literatura brasileira, como Ana Maria Machado, Jutta Bauer e Ricardo Azevedo.

Caçula do acervo apresentado na Caixa Cultural é o tapete Estribo de Prata, costurado em 2012 por Warley Goulart e Cadu Cinelli a partir dos desenhos criados por Rosana Reátegui. Tem como referência o conto homônimo do escritor alagoano Graciliano Ramos (1892-1953), sobre as fanfarronices de um típico mentiroso. Em 2012, a Editora Galerinha lançou uma edição exclusiva deste conto e convidou os Tapetes Contadores para realizarem seu lançamento. Na apresentação, dois contadores de causos travam 
uma disputa para saber quem está contando verdade ou mentira. Desta forma, os narradores convidam as crianças a entrarem  no mágico sertão de Graciliano Ramos.

Outra peça incrível é Avental que o vento leva, criado em 2004 por Cadu Cinelli (cenário) e Warley Goulart (bonecos), fruto do projeto de confecção de novos suportes a partir de contos  brasileiros, e integrante da sessão Cabe na Mala?. O grupo conheceu este conto da Coleção Barquinho de Papel, no momento em que estudava a obra de Ana Maria Machado, premiadíssima escritora brasileira, atual  presidente da Academia Brasileira de Letras. É a história de Corina, uma menina que se aventura pelo mundo à procura de seu avental. A ideia surgiu da pesquisa sobre a pluralidade de suportes plásticos que povos do mundo  inteiro criam para suas narrativas. Pela primeira vez, o tapete-contador sai do chão e gruda no corpo; o céu é perto do rosto; a montanha fica no colo. Ou seja, novas perspectivas e novas técnicas de manipulação e jogo.

Tem também Como o sol passou a brilhar no mundo, duplo painel criado em 2008 por seis integrantes do grupo (Andrea  Pinheiro, Cadu Cinelli, Edison Mego, Helena Contente, Ilana Pogrebinschi e Rosana Reátegui) para integrar  a sessão Palavras Andantes. Um dos paineis é preto, costurado com linha branca, representando o mundo na época em que o Sol ainda não existia. O outro transforma-se num pote de barro que se abre erevela as cores do mundo após a conquista do Sol. Este conto popular africano foi encontrado no livro O ofício do contador de histórias (WMF Martins Fontes, 2005), fruto da parceria entre as narradoras Gyslaine Avelar Matos (Belo Horizonte) e Inno Sorsy (Londres/Gana), também grandes amigas do grupo. 

No conjunto também está “A galinha que subiu até o céu”, tapete criado em 1998 por Tarak Hammam, diretor teatral e narrador que vive na Île de Ré (França), onde coordena o projeto Raconte-Tapis. Este projeto nasceu em 1987 fundado por sua mãe, a educadora Clotilde Hammam, com o objetivo principal de criar tapetes como cenários de tecido que, durante a narração oral e manipulação, estimulem crianças à leitura e às artes. No Brasil, o grupo teve contato com Tarak em 1998, quando adquiriu um acervo de 16 tapetes artesanais. “A Galinha que Subiu até o Céu” é uma adaptação de um conto tradicional africano, realizada pelo próprio Hammam, em que uma galinha precisa fazer um sacrifício de amor  para que seu filhote perdido volte novamente para debaixo de suas asas. É um dos mais antigos tapetes do acervo do grupo e uma  das histórias mais narradas nestes 15 anos de trabalho.

Outras iniciativas

Em torno da exposição interativa desdobram-se outras iniciativas sempre tendo a contação de histórias como protagonista. Aos sábados e domingos, às 16h e às 17h, acontecem sessões de histórias capitaneadas pelo grupo. O repertório será sempre uma surpresa, escolhido na hora. Cada uma das sessões inclui 3 histórias! Quem quiser também poderá aprender um pouco sobre este gênero teatral. Em setembro, será realizada a oficina “Ateliê de Histórias”, dedicada à formação de contadores, e ainda palestra além de um espaço aberto para os interessados em apresentar suas histórias ao público (veja programação completa no final do release).

As apresentações acontecem no Espaço do Conto, um local reservado, com cadeiras e almofadas distribuídas em semicírculo, formando um ambiente confortável e informal para os visitantes assistirem e participarem das histórias.

“O objetivo do projeto é disponibilizar um espaço lúdico, que permita a interação afetiva de pais e filhos, professores e alunos, crianças e adultos, por meio das narrativas orais, livros e objetos. Queremos incentivar a leitura, uma vez que o livro correspondente estará disposto ao lado de cada cenário”, destacam os curadores.

A história dos Tapetes

O grupo Os Tapetes Contadores de Histórias produz e realiza sessões de histórias há 15 anos tanto para crianças como para adultos. Dirigido por Warley Goulart e Cadu Cinelli, o grupo é composto por sete artistas. Além de Warley e Cadu, também integram o grupo Andrea Pinheiro, Edison Mego, Helena Contente, Ilana Pogrebinschi, Rosana Reátegui. Todos trabalham tanto nas confecções das obras quanto nas criações cênicas, e já participaram de festivais e encontros, no Brasil e no exterior. Por oito anos, o grupo se apresentou na Livraria Argumento, do Leblon.

“Para nós, contar e escutar histórias proporciona uma qualidade de contato entre as pessoas que permite um profundo e prazeroso intercâmbio de experiências: atua tanto na construção de valores como contribui para a formação de uma percepção crítica e sensível da vida, da arte e da sociedade”, reflete Warley Goulart.

Segundo Cadu Cinelli, atualmente o grupo reúne em acervo 54 objetos que correspondem a um repertório que vai desde contos populares de origens diversas (Ásia, África, América do Sul e Europa) a escritores como Ana Maria Machado, Carlos Drummond de Andrade, Jutta Bauer, Manoel de Barros, Marina Colasanti, Peter Bichsel e Ricardo Azevedo. “Com este material, criamos alguns espetáculos e sessões de histórias direcionadas especialmente para crianças (Passarinho à toa, O rei que ficou cego, Bicho do Mato, Cabe na Mala?, Palavras Andantes, Retalhos de Drummond,) ou exclusivamente para jovens e adultos (3Horizontes, O mundo de fora pertence ao mundo de dentro, Divinas y Humanas)”, completa.

Os Tapetes Contadores de Histórias contam com reconhecimento de público e crítica ao seu trabalho. Ao longo destes 15 anos, já produziram eventos, ministraram oficinas e participaram de festivais, seminários, simpósios e encontros no Brasil, Argentina, Chile, Espanha, México, Nicarágua, Peru e Portugal. No Brasil, já itineraram por inúmeras cidades realizando atividades em importantes centros culturais (CCBB, Caixa Cultural, Itaú Cultural, SESCs, Biblioteca Nacional, Instituto Moreira Salles, Centro Cultural Dragão do Mar, Banco do Nordeste, Instituto Ricardo Brennand, Teatro Jorge Amado, dentre outros).

Serviço: Os Tapetes Contadores de Histórias – 15 anos

Visitação: de 25 de agosto a 13 de outubro de 2013 (terça-feira a domingo). Horário: das 10h às 21h

Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Sala Margot

Endereço: Av. Almirante Barroso, 25 – Centro (Metrô: Estação Carioca)

Telefone: (21) 3980-3815

Entrada franca

Classificação indicativa: livre para todos os públicos