O Doente Imaginário foi a última peça escrita e encenada por Molière, que sofreu um ataque em pleno palco, durante uma apresentação, morrendo pouco depois. Obra-prima do gênero, com tradução e adaptação de João Bethencourt, um dos mais importantes nomes da comédia brasileira, falecido no último dia de 2006, a peça reúne intrigas e romance na mesma trama. Angélica, filha de Argan, um rico e avaro burguês (tipo muito presente nas comédias de Molière), vítima de hipocondria, apaixona-se por um rapaz, o romântico Cleanto. O pai, no entanto, quer que ela se case com um médico, pois desta forma teria assegurado consultas gratuitas sem ao menos precisar sair de casa.
Famosa pela montagem de clássicos, a Cia Limite 151 completou 20 anos em 2011 e já montou diversos textos de Molière como O Avarento, Tartufo, As Preciosas Ridículas, As Malandragens de Escapino e As Eruditas. Autor de obras-primas da comédia, Jean-Baptiste Poquelin, conhecido como Molière, foi batizado em Paris em 15 de janeiro de 1622. Filho de um rico fornecedor de tapetes da casa real recebeu educação privilegiada no colégio de Clermont. Recusou-se, porém, a seguir a carreira do pai e decidiu abraçar o teatro. Em 1659, As Preciosas Ridículas lançou Molière como diretor que pouco tempo depois se tornou um dos autores favoritos do rei Luis XIV. Em O Doente Imaginário, Molière fazia o papel-título quando, ironicamente, teve um ataque em pleno palco, durante a quarta apresentação. Levado para casa morreu pouco depois. “Molière costumava escrever as peças para ele mesmo. Em sua companhia de teatro, ele era o dramaturgo, o diretor e o ator principal. Talvez seja por isso que os seus protagonistas sempre tiveram muito destaque, pois ele escrevia a peça pensando em si mesmo”, conta a diretora Jacqueline Laurence.
Francesa de Marselha, Jacqueline Laurence chegou ao Brasil aos 16 anos. Em 45 de profissão, ganhou dois prêmios Molière e um Mambembe de melhor atriz. Em 1984, estreou na direção e, desde então, passou a exercer as duas funções. Como encenadora, esteve à frente de peças de sucesso como Louro, Alto, Solteiro, Procura com Miguel Falabella; Sereias da Zona Sul com a dupla Miguel Falabella e Guilherme Karam; Dias Felizes com Fernanda Montenegro; Personalíssima com Rosamaria Murtinho, e Tartufo, de Molière, um dos seus textos preferidos.
“Gosto muito de Molière. Já fiz O Avarento e O Doente Imaginário, como atriz. Agora estou tendo a experiência de dirigir esse texto especial, porque foi o último que ele escreveu antes de morrer, e, portanto, já tem toda a carga de experiência que Molière tinha como homem de teatro, autor, ator, chefe de companhia teatral.”
Para Jacqueline, os textos de Molière ainda são atuais. “O Doente Imaginário é uma comédia extraordinária que, como em todos os trabalhos do autor, nos traz uma visão crítica sobre a humanidade. Esse é um dos motivos para que seus textos façam sucesso ainda hoje”, explica Jacqueline. Além disso, a diretora afirma que a peça tem um humor inteligente, sem deixar de ser popular e acessível a todos os tipos de público.
SERVIÇO:
Local: Teatro Maison de France
Horário: terças e quartas às 19h
Preço: 60 reais
Duração do espetáculo: 90 minutos
Temporada de 12 de novembro até 11 de dezembro
Direção: Jacqueline Laurence
Elenco: Élcio Romar, Gláucia Rodrigues, Edmundo Lippi, Gustavo Ottoni, Janaína Prado, Jaqueline Brandão, Gustavo Wabner, Márcio Ricciardi e Renato Peres.