A Cia. Marginal apresenta de sexta a domingo (13, 14 e 15 dezembro), às 20h, no Espaço Cultural Sérgio Porto, o espetáculo teatral Ô, Lili. A peça aborda temas do cotidiano de uma prisão de regime fechado, e teve como ponto de partida uma série de conversas dos atores da companhia com pessoas presas em penitenciárias do município do Rio de Janeiro. Os rituais de convivência, as hierarquias, a longa espera por cartas e visitas, os ‘anestésicos espirituais’ são alguns dos temas que perpassam as relações entre seis presidiários na tentativa de sobreviver à falta de privacidade e ao tempo ‘estático’.
Ô, Liliprocura estabelecer uma conexão crítica e criativa entre o universo prisional de regime fechado e a realidade dos espaços populares cariocas, submetidos hoje a uma série de restrições, como fronteiras do tráfico, muros e controle armado da polícia. Ao longo de dois meses, foram mais de 1.200 minutos de conversas e entrevistas. Com Ô, Lili (grito de liberdade usado pelos presos no momento de sua soltura), a Cia Marginal leva ao público um pouco do cotidiano de uma prisão de regime fechado.
“Nosso foco não eram os crimes supostamente cometidos pelos presos, à especificidade das penas que cada um deles nem tampouco as possíveis denúncias ou queixas que quisessem fazer contra o sistema prisional. Ao contrário, tentamos explorar uma dimensão mais subjetiva da vida em regime fechado: a maneira como se constrói a intimidade em um ambiente cuja premissa é a subtração da privacidade dos indivíduos”, explica Isabel Penoni, diretora da Cia Marginal.
A apresentação faz parte da ocupação Desmonte Marginal - Resistência, Arte e Cidade, eventoorganizado pelas Cias. Marginal e Monte de Gente, que acontece até janeiro e tem em sua programação, apresentações teatrais, shows, debates, cultura urbana, exibição de filmes e outras atividades. “A proposta é abrir o Sérgio Porto para artistas independentes, que têm estado nas ruas, nas comunidades, produzindo trabalhos que ainda fogem a rótulos, mas que mostram uma clara imersão nos fluxos da cidade e numa investigação estética que busca dialogar com os seus desafios”, explica Isabel.