Patrimônio da cultura carioca, o poeta, compositor e escritor Ricardo Chacal brilha no solo “Uma história à margem”, sob a direção de Alex Cassal, no Espaço Sesc, em Copacabana, RJ. Em cena, Chacal está bem acompanhado, mesmo só. Tem gente à beça desfilando através das memórias do artista, que são a razão de ser da montagem. O pessoal da Nuvem Cigana, do Asdrúbal Trouxe o Trombone, do Charme da Simpatia, da Blitz, do Circo Voador, o CEP 20.000 e muitos outros se fazem presentes. Tem drama, tem comédia mas, sobretudo, história de sobra numa fina dramaturgia que alinhava as partes; nada de ficção, registre-se. Uma história à margem se inspira na autobiografia homônima de Chacal, lançada em 2010. Com cenografia do diretor de arte André Weller, direção musical de Rafael Rocha, Uma história à margem faz temporada até 10 de junho na Sala Multiuso do Espaço Sesc.
Nascido há 61 anos, Chacal é um carioca que viveu sua infância e adolescência na Copacabana da juventude transviada, das turmas de rua, da psicodelia dos anos 1960, ao som de Caetano Veloso e Rolling Stones. Um funâmbulo, que passeou sob os céus pesados da ditadura, assistiu Allen Ginsberg uivando em Londres, tropeçou com Waly Salomão pelas dunas de Ipanema, viajou com a trupe do Asdrúbal, voou sob a lona do Circo Voador, atravessou o país carregando malas cheias de livros. Um artista pop que bateu bola com a Blitz, Lulu Santos, Barão Vermelho, Fernanda Abreu e Jards Macalé. Um pândego carnavalesco, um minotauro inventor de artimanhas, um poeta à margem, que há mais de 40 anos vive da palavra.
Chacal participou de oito antologias e teve 14 livros publicados, tendo sido premiado em 2008 pela APCA por Belvedere (Cosacnaify e 7 Letras). Foi editor de seis revistas e jornais e colaborador de sete outras. Trabalhou como roteirista para TV Globo e para a TV Educativa. Tem parcerias musicais com nomes da MPB e do Rock como Blitz, Lulu Santos, Barão Vermelho, Mimi Lessa, Cabeça, 14 Bis, Fernanda Abreu, Arnaldo Brandão, Jards Macalé, Moraes Moreira e Nanico do Cavaco, entre outros. Como produtor cultural e performer, idealiza, dirige ou se apresenta em diversos eventos no Brasil e em países como Estados Unidos, Argentina e Equador. Ministra oficinas de poesia em diversos estados brasileiros. Em 2004 recebeu o Prêmio URBANIDADE 94 do Instituto de Arquitetos do Brasil, pelo seu trabalho à frente do CEP 20.000. Em teatro, trabalhou como autor nas peças Aquela Coisa Toda, do grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, Alguns Anos Luz Além, do Grupo Lua me dá Colo, Recordações do Futuro, do Grupo Manhas & Manias, e Tontas Coisas, direção de Jaqueline Lawrence. Atuou em Café Satie, direção de Stela Miranda, e no espetáculo A vida é curta pra ser pequena, criado a partir de seu livro homônimo de poemas.