Extração – Ramon Martins
Ramon Martins retrata população ribeirinha da Amazônia em exposição na Galeria Movimento. Autor de um dos maiores painéis do mundo, artista mostra personagens brasileiros em sua primeira exposição no Rio
Há pouco mais de um mês, Ramon Martins desembarcou pela primeira vez na Amazônia. Foi um dos convidados do Street River 2017, festival que leva arte à população ribeirinha da Ilha do Combu, no Pará. Ao lado de outros artistas e curadores conviveu com famílias da região e, juntos, pintaram as casas locais, transformando o lugar numa galeria a céu aberto.
Ao voltar para o interior de São Paulo, onde vive e trabalha, Ramon Martins, autor de um dos maiores painéis do mundo, na Belarus, com 3456m2, percebeu que a relação com a Amazônia e sua gente estava apenas começando. Inspirado por sua vivência e pelas fotografias feitas por toda a equipe do festival, o artista deu início a uma intensa produção. O resultado pode ser conferido em Extração, sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro, que abre para o público no dia 27 de junho, na Galeria Movimento, em Copacabana.
Com 14 pinturas e texto da jornalista Débora Lopes, a mostra deixa clara a presença de outro Ramon. As figuras de mulheres com feições nipônicas, tão comuns em sua trajetória, cederam lugar às pulsantes crianças e figuras masculinas que tanto o impressionaram no Pará. “É um trabalho diferente do que vinha fazendo. Quis mostrar as memórias do lugar, extrair sua essência. É um tema bem brasileiro, cheio de extremos. Uma população esquecida, que apesar de viver rodeada por águas não tem água potável para beber”, explica.
Munido de pincéis e tintas, Ramon eterniza as figuras fotografadas num processo bem particular. O artista usa fragmentos de ambientes por onde passa como base de suas obras. As telas são coladas nas paredes e, quando retiradas, trazem consigo as memórias daquele espaço. “Parte da parede vai para a tela e se transforma num pedaço do trabalho. É quase a impressão de uma pintura”, explica o artista, que completa as pinturas com gente de cores vibrantes para enfatizar um Brasil tão distante dos grandes centros urbanos.
Sobre o artista - Ramon Martins nasceu em 1981 na cidade de São Paulo, mas foi criado em Minas Gerais. É bacharel em artes plásticas pela Escola de Arte Guignard, da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), e especializado em pinturas, desenhos e muralismo. Em 2016, pintou o mural tido como o maior do mundo durante a terceira edição do Vulica Brasil, em Minsk, Belarus (antiga Bielorrússia). Já exibiu suas obras em feiras como a Art Basel e Scope Miami Beach, ambas nos Estados Unidos. Integra acervos de instituições como o Masp (Museu de Arte de São Paulo), o MAM (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) e o Museu da Abolição, no Recife, PE
Sobre a Movimento - Fundada em 2007, a galeria de 140 m2, em Copacabana, trabalha com artistas que se expressam através das mais diversas linguagens, consolidando seus nomes na arte brasileira. Foi pioneira no trabalho com a street art, que hoje é uma tendência real e contemporânea. O objetivo da Movimento é trazer a arte para um público maior, atingindo olhares de pessoas que procuram por algo diferente. À frente da galeria está Ricardo Kimaid Jr, no mercado desde 1998, sendo a terceira geração de galeristas de sua família, além de atuar como marchand e consultor de arte.
Abertura: 27 de junho, das 19h às 22h
Local: Galeria Movimento – Av. Atlântica, 4.240, lojas 212 e 213, Copacabana. Tel: 2267-5859
Período da exposição: 28 de junho a 15 de julho
Horário de visitação: Segunda a sexta-feira, das 11h às 19h30. Sábados, das 12h às 18h.
Entrada gratuita