CRÍTICA | Chapeuzinho Vermelho Como Você Nunca Viu! – O Musical

Chapeuzinho Vermelho - Como voce nunca viu!

 

Era uma vez, uma linda menininha que vivia numa floresta com sua mãe, o nome dela era chapeuzinho vermelho, uma menina doce, ingênua e pura... Pare com tudo isso! Você realmente acha que é essa história que você verá?

 

O texto de Cleiton Morais apresenta uma história repaginada, adaptada para novos tempos, e surpreende o público. Atualmente em cartaz com Constellation, um musical temático da década de 50, onde narra uma história da época, Cleiton conseguiu encontrar tempo para se dedicar ao animado, lúdico e receptivo mundo infantil.

 

Com sua peça Chapeuzinho Vermelho - Como Você Nunca Viu, narra musicalmente uma história realmente diferente.

 

Quando alguém quer dar uma nova roupagem à uma história, geralmente faz tudo ao contrário, e ao invés de Chapeuzinho ser uma ingênua menininha sempre a fazem quase uma delinquente juvenil, nessa versão escrita por esse jovem e talentoso ator, e agora se lançando como autor teatral isso não acontece, uma coisa é modernizar a história, outra completamente diferente é mudar seus conceitos e anular sua moral. Um trabalho primoroso, de qualidade e pelo texto de alto nível cultural.

 

Para prender a atenção da garotada, não basta falar no diminutivo e muito menos fazer vozes engraçadas e se jogar no chão, assim como o tempo e as histórias, o público infantil também tem mudado velozmente, em meio a tantos recursos tecnológicos ao alcance de suas minúsculas mãos, a criançada consegue ter acesso a um vasto e diferente conteúdo pra se divertir, e se uma peça não agrada, no mesmo momento elas se lançam nesse universo virtual e se esquecem da realidade.


 Nessa peça, o que se vê é uma chapeuzinho habitual, jovem, ingênua e desobediente, porém o diferencial é o toque de humor que ela tem nessa versão, mais desconfiada e questionadora, essa menina de capuz "red" analisa e toma suas próprias decisões voltadas ao seu direito de escolhas.

 

Alguns personagens novos surgem nessa peça, o caçador não é mais solitário e corajoso, e até mesmo a floresta virou um personagem, ou melhor, personagens, muitas novidades infestam esse musical de jovialidade e encanto.


 No papel do cruel e esperto Lobo Mau, Morais vivencia o que eu vejo como um Clow mambembe e ao mesmo tempo moderno, sua aparição inicial chega a ser um ballet, é bem coreografada, cria um leve suspense proposital e ainda de quebra o prepara pra sua entrada principal, é um dos momentos mais bem trabalhados da peça, cheguei a ficar arrepiado com a ousadia desse que já está mostrando à que veio. e por citar coreografia, parabéns à Rodrigo Soares que é o responsável   por fazer uma coreografia bem baseada no texto, um ponto alto desse ponto é o ato da luta entre o povo do bem e o povo do mal.


 Os figurinos outrora tão comuns e exaustivamente repetidos por infindáveis anos sem adaptações, ganharam cara nova, estão mais bonitos, vistosos, sofisticados e minuciosos, a dupla de figurinistas Herbert Correa e Giovanni Targa, mostrou que mesmo sendo os personagens os mesmos sempre se pode inovar, um Lobo Mau de calças Jeans ? Sim, porque não ? Se toda nudez será castigada,  que vistamos o pobre canino.


 E o cenário e objetos cenográficos ? Charles Rocha conseguiu captar um ponto de vista, que mesmo Walt Disney ficaria encantado, tudo se movimenta, tudo está em alinhamento perfeito e se existe é porque tem de estar lá, caso contrário falta faria.  

 

As músicas são bem escritas, cantadas e muito bem audíveis, essa preocupação realmente me fez prestar atenção mais que redobrada nas letras, pois eu pude ouvir com nitidez e clareza, algo que parece que a maioria parece deixar de lado nos atuais musicais cariocas. em certos momentos a galerinha da plateia consegue cantar juntos, de tão fáceis e empolgantes, mérito de Bruno Camurati e Tony Lucchesi, que além de escreverem músicas originais assinam a direção musical.


 A direção do espetáculo também se dá pelos olhares de Cleiton morais assim como a produção do espetáculo juntamente com a Allegra Produções e entretenimentos.


 Uma coisa que acontecia a anos atrás, que foi esquecida por muitos e que essa peça traz de volta é a interação com seu público, os personagens volta e meia surgem do meio da plateia, brincam com os pais e a criançada, entrevistam, fazem todos se tornarem personagens e adéquam a peça ao improviso real e ao vivo. Por outro lado uma coisa que deixou a desejar foi a ausência do elenco ao término do espetáculo caracterizados para tirar fotos com a criançada, foi ruim ver as carinhas tristes das crianças e pais que gostariam de eternizar esse momento de lazer e prazer.

 

Mais tarde vim à saber que isso se dá pelo fato de o musical que vem logo após o deles, precisar do espaço físico do teatro para seus atores se arrumarem. Até mesmo o Hall do teatro precisa ser forçosamente esvaziado para ser limpo. Essa tristeza é compartilhada por todo o elenco, que também sente falta desse contato carinhoso e sincero de seus mini fãs. Seria muito legal haver uma solução pra isso, pois é conquistando esse público infantil de agora, que teremos uma plateia crescente no futuro.

 

Por João Loureiro Filho

 

 

* Independente das críticas profissionais, sugerimos que assista aos espetáculos e faça suas próprias críticas.
* Acesse a página do espetáculo e veja também a opinião do público geral nos comentários.

 

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