CRÍTICA | Hamlet ou Morte – Uma Trágica Comédia

Divertida comédia do grupo Os Trágicos

 

“Hamlet ou morte!” é um espetáculo divertido produzido pelo grupo Os Trágicos. Dirigida por Adriana Maia, que também assina a adaptação, a peça surge a partir de uma esquete para rádio de 1976 chamada “Hamlet em 15 minutos”, do dramaturgo inglês Tom Stoppard, mesmo autor de “Rosencrantz e Guildenstern estão mortos” (1967). Ao redor do texto de Stoppard, a narrativa original cria o contexto para o resumo da tragédia shakespereana com o mérito de conferir ao todo coerência e coesão. O elenco é composto por Diogo Fujimora, Gabriel Canella, Pedro Sarmento, Mathias Wunder e Yuri Ribeiro, esses últimos em ótimos trabalhos. Vale a pena assistir!
 
Na história, quatro homens estão encarcerados na prisão de Clink, em Londres, na época elizabetana, esperando pela morte sentenciada pela rainha. A chegada de um padre confessor traz a eles a oportunidade de esclarecer os fatos reais dos crimes pelos quais eles foram condenados. É então que a dramaturgia de “Hamlet ou morte!” viabiliza trechos de “Sonho de uma noite de verão”, “Medida por medida”, “Noite de reis”, “Como gostares”, “Os dois cavalheiros de Verona” e de “As alegres mulheres de Windsor”. As histórias narradas (e encenadas) pelos larápios envolvem o roubo de um texto escrito por “um tal William Shakespeare”. Eis que o padre sugere a eles encenar a tal peça para a Rainha Elizabeth a fim de convencê-la em perdoar-lhes. Se ela gostar da encenação, eles sobreviverão. Se ela desaprová-la, a sentença será realizada. “Hamlet” é a peça que eles apresentam nos momentos finais. Entre os vários méritos dessa montagem, está o modo como a construção da primeira parte do texto se articula com a segunda, essa escrita por Stoppard. A habilidade do premiado dramaturgo inglês contemporâneo encontra feliz eco no trabalho original do grupo Os Trágicos na medida em que o espetáculo não expõe marcas de sua construção. Em segundo lugar, é bonito ver como o grupo de jovens atores agrada o público que acaba torcendo pelo seu salvamento enquanto se diverte na plateia de ótimo espetáculo teatral.
 
A direção de Adriana Maia dá a ver quadros ágeis, interpretações carismáticas e excelentes jogos cênicos entre os atores em fácil identificação com a plateia. A curva é ascendente, a sucessão de histórias vence do desafio da manutenção de ritmo e o interesse pelo desenrolar dos fatos se mantém a contento. Um dos pontos mais relevantes do conjunto de interpretações está o fato dos tipos nunca esconderem o personagem que os interpreta. Em outras palavras, as duas camadas – o personagem condenado e os tipos que ele dá a ver para convencer o outro de sua inocência – convivem bem, ambas cheias de graça.
 
Todo o elenco apresenta trabalhos responsáveis pelos méritos da produção como um todo, mas Yuri Ribeiro e Mathias Wunder se destacam positivamente pelo ótimo jogo que estabelecem entre si e com o público na narrativa e pela vibrante performance vocal, gestual e proxêmica. “Hamlet ou morte!” tem ainda ótimas contribuições do figurino de Adriano Ferreira que confirma o princípio popular das peças shakespereanas infelizmente às vezes tão pomposamente apresentadas, o que aqui não é o caso.
 
Eis aqui uma boa sugestão: o primeiro trabalho de um grupo que já de início começa bastante bem.
 

Por Rodrigo Monteiro

Peça Hamlet ou Morte! / Temporada de Abril de 2015

 

* Independente das críticas profissionais, sugerimos que assista aos espetáculos e faça suas próprias críticas.
* Acesse a página do espetáculo e veja também a opinião do público geral nos comentários.

 

Quem casa quer casa ou quer sexo?
Essa e muitas outras perguntas são respondidas por Carlos Simões e Drika Matos na peça "Os homens querem casar e as mulheres querem sexo", ou pelo menos eles tenta...
3 Vezes Clara
O Rio no Teatro foi conferir o espetáculo teatral "Deixa Clarear" e o que pudemos constatar é que se trata de um excelente musical na qual a imortal Clara Nunes é ...
Utopia, até onde é bom?
Imaginem um país onde existam poucas leis, e que essas leis sejam simples, básicas e de fácil compreensão. Imaginou? Então, a peça Utopia D - 500 anos d...
A Celebração do Homem
A celebração do homem   Tem toda a razão aquele que diz que “A descoberta das Américas” é um dos melhores espetáculos ...
PUBLICIDADE
RNT - ANUNCIE AQUI
Pescadores de Almas: Arte da Alma
Pescadores de Almas é inspirado na biografia da médium Walkiria Kaminski. O monólogo relata o contato mediúnico e a experiência do suic&iacut...
YANK | Hugo Bonemer interpreta um correspondente de guerra em musical que trata da homoafetividade na 2ª Guerra Mundial.
Depois de interpretar o personagem Augusto, na primeira fase da novela “A Lei do Amor”, da Rede Globo, Hugo Bonemer está nos preparativos finais para viver o personagem Stu, u...
Clássico Romeu e Julieta de volta à programação teatral carioca em ótima montagem
“um nome para romeu e julieta” é a versão adaptada e dirigida por Dani Lossant para o original de William Shakespeare. A montagem, que tem Andrêas Gatto, Daniel C...
Para ver muitas vezes e aplaudir sempre!
“Estamira – Beira do Mundo”, que foi a sensação do teatro carioca entre 2011 e 2012, está de novo em cartaz para a beleza da programação da c...
PUBLICIDADE
Não Vamos Pagar - Comédia imperdível!
Comédia imperdível! “Não vamos pagar” é uma deliciosa comédia que está em cartaz no Teatro do Sesi, no centro do Rio, até 14 ...
O detalhe que constrói o sucesso
Se o teatro pudesse ser comparado a uma casa, o lugar onde Guilherme Leme e Jô Bilac moram seriam aquelas casas cheias de bibelôs e toalhas de crochet, pratos pendurados na parede, p...
Novidades no WhatsAPp
Novidades direto do seu WhatsApp
PUBLICIDADE
FACEBOOK
PUBLICIDADE