Neurótica? Eu! - Resenha de Neurótica

 

Por Branca Salgueiro
 
Na verdade ninguém é de fato, já que a Associação de Psiquiatria Americana aboliu o termo neurose na década de 1980 e diluiu o que antes era tratado como um único transtorno em várias outras nomenclaturas. Mas, o termo, neurose - do grego neuron (nervos), osis (condição doente ou anormal), - criado pelo médico escocês Willian Cullen, em 1787, nunca saiu do imaginário coletivo, o que talvez torne a neurose o termo psiquiátrico mais utilizado quando temos que apontar comportamentos minimamente associados a questões nervosas, e que principalmente, estão extremamente ligados às mulheres no senso comum. 
 
Eis então o pano de fundo que deu origem ao espetáculo de comédia "Neurótica", interpretado por Flávia Reis. Na peça a atriz dá voz a várias personagens femininas que geram uma empatia generalizada no público feminino, que se vê representado em situações cotidianas capazes de fazer qualquer mulher atravessar a pequenina ponte que liga o estado de paciência celestial ao completo caos histérico. 
 
Da plateia o constrangimento misturado aos risos incontroláveis do lado feminino e masculino - sim, os homens adoram ver aquela representação mimética, provavelmente dando graças a Deus por não ser a mulher dele naquela situação - é capaz de fazer a mulherada se afundar na poltrona, como se estivesse realmente em meio a um "piti", ou ter a impressão de que está completamente louca e precisa de fato de ajuda especializada. Meu Deus... do teatro para o divã!
 
Mas, calma, calma... não criemos pânico! A peça em meio as piadas convida o indivíduo a uma importântíssima reflexão. Precisamos ir mais devagar com as emoções, com o nosso pessimismo, com a correria, com o desespero, afinal, o mundo está aí e precisamos tentar passar por ele de uma forma mais tranquila. Slow Down! Essa é a mensagem central de uma comédia que mais que fazer rir tem um papel social embutido, disfarçado nas personagens. É um convite de porta escancarada para que homens e mulheres tenham contato com o seu próprio universo da perspectiva de espectador. Ei, você aí da poltrona? Você já se viu assim? Eis a pergunta que Flávia Reis nos faz do palco da maneira mais sincera possível, estampando na nossa face o quanto o cotidiano está forjando a gente ao estresse e o pior, nós estamos nos permitindo, passar pela vida assim, sem nos conhecermos, sem nos corrigirmos e sozinhas, sem compartilharmos com quem está ao nosso lado que o fardo está ficando pesado de carregar e nós continuamos carregando mesmo assim. 
 
Desta forma, fica nítido o motivo central da necessidade das mulheres se verem representadas no palco daquele jeito: estamos com o copo cheio demais pelo peso das obrigações que conquistamos ao longo dos anos após tacarmos fogo no nosso "sutien". E, eis por que os homens devem estar na poltrona ao lado: eles precisam ver de forma clara e objetiva que estamos chegando lá sim - estamos conseguindo a liberdade feminina tão sonhada - mas se atrás de todo homem há uma grande mulher, na poltrona, ao lado direito, tem que ter um excelente amigo rindo junto e  nos ajudando a sentar com a postura ereta. Valeu Flávia, essa ajuda em forma de diversão é mais que bem vinda!
 
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