Sem se propor a muito, uma comédia com resultado positivo

 

"Casar pra quê?”, apesar de ser mais uma entre zilhões de comédias cujo tema é a diferença entre homens e mulheres e cujo formato percorre o casamento, avançando pelos problemas que enfrenta qualquer jovem casal, oferece como ponto de partida da análise a interessante diferença na construção dos personagens. Pedro Paulo (Alessandro Anes) e Ana Lúcia (Michelle Martins) ocupam respectivamente as posições de protagonista e de antagonista, mas dividem alternadamente na forma os lugares de mocinho e de bandido no esquema realista. Dirigido por Eri Johnson, o espetáculo, feito a partir do texto de Anes, está em cartaz no Teatro Leblon, zona sul do Rio de Janeiro. 
 
Enquanto na forma, o personagem de Pedro Paulo concretiza a figura do bandido: sendo o homem que não ajuda a mulher, aquele que é sem coração, que gosta de sair com os amigos e manter a sua vida de solteiro, o infantil na relação, quem fala mais palavrões e quem grita mais, é possível identificar no conceito o mesmo tipo de peso negativo sobre a personagem de Ana Lúcia. É ela, afinal, quem aprisiona, que se expõe menos, que gosta de dar a última palavra e que tem mais vezes mau humor. Nesse sentido, a função do marido, nessa ficção cênica, parece o de levar o público para dentro do palco, garantindo-lhe divertimento. O da esposa, em contrapartida, é transmitir ao público a tarefa de refletir quando o espetáculo terminar. 
 
Pedro Paulo e Ana Lúcia se conhecem em um bairro do Rio de Janeiro que é longe do Leblon onde ela está (não se sabe se ela realmente mora lá). Não está clara também a classe social de algum dos personagens, embora saiba-se que nenhum deles use corretamente a língua portuguesa ou tenha viajado de avião antes de se conhecerem. Assim, a identificação com o público é positivamente facilitada, com todos os elementos (cenário, figurino, trilha sonora e iluminação) agindo livremente em favor da comédia, como corretamente exige o gênero. 
 
Alessandro Anes e Michelle Martins apresentam boas interpretações dentro do que parece que lhes foi proposto pela direção de Eri Johnson. O casal é meritosamente responsável pelo não muito além do que se espera. Propondo-se a pouco, “Casar pra quê?” oferece um saldo positivo a quem foi unicamente para gargalhar, o que é positivo.
 

Por Rodrigo Monteiro

Peça Casar Pra Quê? / Temporada de Março de 2013

 

* Independente das críticas profissionais, sugerimos que assista aos espetáculos e faça suas próprias críticas.
* Acesse a e veja também a opinião do público geral nos comentários.

 

 

 

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