CRÍTICA | Pescadores de Almas

Pescadores de Almas: Arte da Alma

 

Pescadores de Almas é inspirado na biografia da médium Walkiria Kaminski. O monólogo relata o contato mediúnico e a experiência do suicídio da pintora Jeanne Hébuterne, com direção de Daniel Archangelo e a atuação de Tatiana Sobral. O suicídio sob a experiência da médium é abordado através de uma delicadeza e poesia cênica, apresentando uma nova perspectiva acerca de como o espiritismo percebe as doenças mentais.  A temporada permanece no Centro Cultural Parque das Ruínas até 29 de julho.

 

A adaptação inédita teve motivação de contar a “história que ela conta e com o ponto de vista que ela defende”. A trama revela uma médium brasileira que ao entrar em contato com pintores históricos, Amedeo Modigliani e vai de encontro com o suicídio de Jeanne Hébuterne.

 

Walkiria Kaminski, possui doutorado na área de saúde mental, e atua como voluntária em ações terapêuticas em comunidades carentes, atendendo a crianças esquizofrênicas, psicóticas e autistas. Médium psicopictográfica, iniciou o movimento Arte Cura no Brasil. Aos 65 anos ainda ministra palestras e apresentações de arte mediúnica por todo o país.

A atuação competente da atriz Tatiana Sobral é de explícita paixão e brilho nos olhos. Levar a cena em um solo, um tema complexo como este, requer habilidades que possuem grande valor em sua feitura. O domínio da trama e a leveza em que a relação conflituosa entre os espíritos é explicitada de maneira clara e simples. Contudo; sua performance fica comprometida pelo uso do microfone e pela adaptação do texto; que por tentar dar conta de uma história extensa, exige ritmo apressado de modo que as palavras, que poderiam ser apreciadas levam o expectador a exaustão causada pelo desgaste do texto falado.

 

A escrita cênica de Daniel Archangelo revela os laços invisíveis da prática artística através da mediunidade encenada. Através das multicores que compõem um prisma de papéis e mosaico por todo o palco, suspensão da mobília e origamis revelam a delicadeza tangível executada de forma singela, e bem criativa. Os elementos de imagem marcante pedem uma maior relação com a personagem, em diversos momentos de loucura e devaneio; contudo permanecem intactos no desenvolvimento do espetáculo. O uso das tintas que é riquíssimo para a trama, carrega um potencial estético imenso, todavia é pouco explorado na cena.

 

A temática do espetáculo é relevante, desperta interesse de um público independente da ligação com a espiritualidade e espiritismo. As experiências vividas por Walkiria Kaminski carregam uma potencialidade para estética cênica, e promove esclarecimento acerca de sua perspectiva sob assuntos complexos.

 

O melhor do espetáculo está na abordagem sensível do tema através da boa atuação de Tatiana Sobral em conjunto ao belo trabalho de toda a equipe de criação.

 

Recomendo!

 

Crítica: Gustavo Fonseca
Fotos: Lia Ximenes
 
* Texto e fotos de Julho de 2017.

 

* Independente das críticas profissionais, sugerimos que assista aos espetáculos e faça suas próprias críticas.
* Acesse a página do espetáculo e veja também a opinião do público geral nos comentários.

 

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