Era uma vez...
A história é simples e percorre o inconsciente e o imaginário de adultos e crianças. O que torna diferente a montagem musical de “A Bela Adormecida” é a linguagem e a direção de Luis Fernando Bruno. O espetáculo que segue temporada no Teatro Vanucci, na Gávea apresenta um elenco afiado, inteiro e comprometido.
A menina Aurora que recebe de presente da bruxa Malévola uma terrível maldição é cercada de proteção e carinho até o dia em que espeta o dedo em uma roca de fiar. O beijo do amor verdadeiro tira a pequena do sono eterno. Seria mais uma história senão fosse à maneira que é contada. Com a ajuda de três fadas- Zaza, Zizi e Zezé (narradoras participes da ação e com um certo tom épico), a narração começa e o desenrolar dos fatos. O texto se apresenta moderno e contemporâneo e o que não falta é diversão... “A Bela Adormecida” do Teatro Vanucci tem uma fada que adora pagode e um príncipe suburbano... e o melhor tudo isso sem perder o encantamento e a magia de uma história de amor.
Vale ressaltar que o perigo é constante na mão dos jovens atores, que em nenhum momento erram a mão e perdem suas personagens para a comédia do escracho. O trabalho é delicado e não existe o humor pelo humor. A graça não é gratuita e tudo favorece o contexto das cenas.
O figurino é um espetáculo a parte, tudo trabalhado com sofisticação e pesquisa. Cada personagem tem uma palheta de cores que o favorece. Linda a calça jeans do príncipe suburbano feita com aplicações que mantém a linguagem e o contexto proposto para outras personagens. È visível uma unidade cênica na plástica da peça.
A cenografia é usual e tudo faz parte da montagem. Quando o assunto é iluminação... outro show a parte...A peça tem um mapa de luz interessante e o técnico favorece as entradas e saídas de cena.
No elenco Erika Thomas brilha e arranca aplausos com sua Malévola. As fadinhas cantoras também encantam e conseguem o tempo exato do humor e da magia. Assim “A Bela Adormecida” deixa um gostinho de quero mais e a vontade de rir e se emocionar em mais um... ”Era uma vez”.