Caros amigos,
Uma comédia delicada que além de causar reflexão, provoca e instiga. Assim pode ser definido o espetáculo “Tudo que eu queria te dizer”. As cartas de Martha Medeiros ganharam voz e corpo com a interpretação brilhante de Ana Beatriz Nogueira e a direção impecável de Victor Garcia Peralta.
Em cartaz no Teatro das Artes, na Gávea “Tudo que eu queria te dizer” coloca em cena dores de amores, tempos perdidos e dias inesgotáveis de solidão. Temas fortes que são trabalhados com sutileza e provocam o humor. Durante a sessão vamos de risadas tímidas, gargalhadas continuas até os sorrisos amarelos. Dentes cerrados e uma lágrima no canto do olho. O texto e a interpretação causa identificação imediata com a plateia que interage e reflete sobre cada uma das cartas.
A direção de Victor Garcia Peralta valoriza o trabalho de Ana Beatriz Nogueira e é possível perceber matrizes na composição das cenas. Um trabalho de corpo que traz expressão para cada personagem. A atriz brinca com a voz sem exageros ou caricaturas. Sem criticas Ana cria suas personagens. Chora, ri e emociona a plateia vidrada a cada mudança de cadeira e de cena ( cada alteração do espaço cênico representa a mudança de uma cena, a direção opta pelo movimento cíclico).
Peralta trabalha todos os planos do palco e opta em quebrar a quarta parede logo no inicio da montagem colocando a atriz lendo a primeira carta trocada com a autora dos textos. Encerrando de forma cíclica Ana também envia uma carta para Martha Medeiros, a mesma é lida no fim da peça.
O figurino é apenas uma base neutra preta ( característica já bem conhecida do diretor que valoriza o ator em cena sem grandes efeitos). A iluminação valoriza a direção e ajuda a contar a história de cada uma das cartas. Uma caixa preta, assim é o cenário da montagem que utiliza apenas dois objetos cênicos: um quadrado preto e uma cadeira.
As cartas de Martha Medeiros, a interpretação de Ana Beatriz Nogueira e a direção de Peralta merecem aplausos muitos. Ao sair do teatro o grande desejo é recorrer aos papeis e porque não...escrever algumas cartas...todas sem destinatário.
Desde já fico grato pela oportunidade de assistir Ana Beatriz Nogueira!
Rio No Teatro