A peça escolhida para a sessão de crítica do Rio No Teatro nesta semana foi: “É culpa da vida que sonhei ou dos sonhos que vivi”, com texto e direção de Iuri Kruschewsky, sendo o elenco todo formado por alunos do curso de teatro da UniverCidade.
O título da peça, completamente onírico e extenso, chama a atenção do espectador, que espera ser imergido em algum universo além da mediocridade cotidiana, mas, infelizmente, acontece pouca coisa além de uma encenação clichê para se chegar a lugar nenhum. Há que se considerar o fato de que a peça nasceu a partir de um laboratório de pesquisa dos alunos na própria faculdade, mas a partir daí a coisa continuar no raso, sem profundidade, é outra história...
A impressão registrada quando da primeira aparição conjunta do elenco é a insegurança e falta de presença teatral, que aos poucos vai surgindo, conforme cada um vai conquistando seu espaço. O protagonista Bruno Quaresma, tem uma interpretação exagerada – até cabível, mas não de todo convincente, pois ao invés de viver cada instante da história, tenta mostrar a esquizofrenia de seu escritor. Kelly Iranzo, que interpreta a esposa do protagonista, tem uma interpretação fragilizada, que dentro das circunstâncias da personagem, pode até ser aceitável, mas chega um ponto em que se pensa que ela irá se desmontar, de modo que não consegue segurar uma interpretação firme e necessária nos momentos de tensão. Manoel Bandeira faz poucas aparições, mas ainda assim consegue mostrar um trabalho de pesquisa em sua interpretação. Já Marianna Pastori é a melhor coisa que há na peça, pois acredita na narrativa em que está inserida e leva até o fim a verdade proposta.
A luz cumpre seu papel de apresentar um ambiente um tanto caótico entre a ilusão e a realidade. O cenário é simples, mas bem disposto. O figurino destoa um pouco da narrativa em razão de ser bem telenovelesco.
É culpa da vida que sonhei ou dos sonhos que vivi é uma peça que nasceu através de experimentação de alunos do curso de teatro da UniverCidade e que, atualmente, está sendo apresentada como profissional em cartaz no teatro Glaucio Gil nos meses de agosto e setembro. No entanto, há muito que se trabalhar para contar a história proposta, pois é perceptível que a peça foi ganhando tamanho e forma sem propósito e mesmo sem mostrar real ou claramente o conflito do protagonista.