Ao entrar no teatro não tinha muita ideia do que poderia me esperar. Pensei talvez que se tratasse de mais um musical com jovens atores em processo de formação, com uma história previsível e canções mal executadas. Só posso dizer que me surpreendi absurdamente com a montagem dirigida por Pedro Vasconcelos.
É fato que o texto de Thalita Rebouças aborda clichês muito conhecidos do grande público, porém trabalha com delicadeza a linguagem da adolescência que participa, se envolve e canta junto com o elenco do espetáculo. A adaptação feita por Gustavo Ruiz consegue aproveitar a essência do texto, levando as personagens para o palco com preciosidade.
Lennon e McCartney marcam com I Wanna Hold Your Hand, no pot-pourri que abre o espetáculo, logo depois de O Rappa (Na Frente do Reto, ou “O show tá começando...”). Passa-se então por Roberto Carlos, Michael Jackson, Menudo, RPM e Raul Seixas. Uma sequência que prepara a plateia para a história propriamente dita. Assim começa a peça que conta a história de Gabi (Thati Lopes), Ritinha (Larissa Bougleux) e Manu (Jullie). As meninas querem conhecer os Slavabody Disco Disco Boys, e conseguem o aval dos pais para viajar ao Rio acompanhadas da prima Bebete – a mística Babete, tão inconsequente e adolescente quando as sobrinhas. Tudo dá errado, e o trio se perde sem conseguir assistir ao show dos ídolos. O encontro só acontece quando, por obra do destino – e de Bebete – os ‘disco boys’ são levados a Resende para conhecer as fãs.
Aplausos para o elenco que segura o espetáculo com firmeza nas mãos, com muita propriedade cantam, dançam e se divertem em cena sem perder o rebolado. Trabalho de concepção de personagem, voz e corpo. Está tudo em sintonia. É preciso ressaltar o trabalho de perfeição do diretor musical Jules Vandystadt.
O figurino auxilia na composição das personagens e traz uma cartela de cores para cada um, tudo funciona em sintonia com a luz. A iluminação é um capitulo a parte favorecendo as entradas e saídas de cena. O cenário e usual e a interação com projeções de vídeo auxiliam a contar a história.
Espetáculo que merece ser visto e aplaudido!