Ao chegar no Teatro Sesi fui surpreendido com o novo espetáculo de Jô Bilac, que encerra sua trilogia que teve inicio com "Savana Glacial" e "Pop Corn". Este é o 14º texto encenado do autor apontado como um dos melhores da nova geração de dramaturgos. Em cena os atores Taís Araújo, Luiz Henrique Nogueira, Cris Larin, Julia Marini e Jaderson Fialho. A direção é assinada por Jô Bilac e Sandro Pamponet.
O espetáculo conta a história da crítica de arte Ana. A personagem passa por um apartamento em diversos tempos e vê sua própria história como se estivesse fora dela mesma. Ana faz uma analise de sua vida a partir de três mortes que ocorreram naquele mesmo imóvel.
As personagens começam a entrar em cena como em um grande quebra-cabeças. Aos poucos as peças vão se encaixando e o público começa a colocar os pingos nos "is". Uma versão mais jovem da própria Ana (Júlia Marini), seu falecido marido (Jaderson Fialho), sua mãe (Taís Araújo) e seu pai (Luiz Henrique Nogueira).
O texto faz algumas armadilhas para o público que fica atendo a cada detalhe. A narrativa aborda temas que causam uma grande empatia. Arte, casamento, infância, família e morte. Os tempos são muitos, passado e presente se misturam junto a metalinguagem.
A cenografia é brilhante e usual. O apartamento, seus móveis e objetos antigos, as janelas e portas. Os armários que se transformam em outras tantas portas. É um trabalho não apenas conceitual, como prático. A areia brota de cada gaveta na composição de outros tempos, dos tempos de Ana.
O figurino é impecável e ajuda a contar a história de Jô Bilac com precisão. Cada personagem está vestido de acordo com o seu tempo. A luz é perfeita e trabalha com a penumbra nos momentos certos sem deixar o elenco no escuro, apesar de sombrio temos muitas cenas solares com Tais Araújo, no papel de uma mãe zelosa, cuidadora e faladeira.
O elenco realiza seu trabalho com perfeição, composição de personagem, corpo, voz... é um trabalho no qual o público se delicia com o requinte das cenas. Palmas, aplausos e assobios para Cris Larin, Julia Marini e Taís Araújo. O elenco feminino dá um show em cena e se destaca.
A direção aproveita todos os planos possíveis e brinca com o imaginário criando ainda fundos falsos na cenografia. Isso causa faz com que o público fique cada vez mais atento.
"Caixa de Areia" é um espetáculo que merece ser visto e aplaudido de pé. O Rio No Teatro indica!