Quinze anos após a morte de Frank Sinatra, o Teatro das Artes, na Gávea recebe o espetáculo "Loucos por Sinatra", com direção de Marco Marcondes. Na fila apaixonados pelo repertório do ídolo que encantou gerações. É importante dizer que mesmo depois de sua morte suas canções continuam embalando casais apaixonados e tantas histórias de amor. Infelizmente não é possível ser romântico para escrever essas linhas, mas bem que eu gostaria.
A cenografia é impecável e extremamente usual, nada está ali por acaso. Tudo permite que a direção possa brilhar em planos alto, médio e baixo e esbanjar com o esconde e revela através de vidros no fundo que favorecem sub cenas. Apesar disso, é o que digo, tudo permite, mas nem tudo é feito.
Mas antes de falar de direção, é preciso falar do texto, que propõe relembrar canções de sucesso e romances que marcaram a vida de Frank Sinatra. Tenho que ressaltar que apenas propõe, já que tudo é dito de forma didática e superficial. Isso com certeza dificulta o trabalho da direção que não tem muitas ferramentas para trabalhar. De fato, "Loucos por Sinatra" fica entre um espetáculo musical e um show. Não é nem uma coisa e nem outra.
Com papel título nas mãos temos Mauricio Baduh, acompanhado por um quinteto (piano, baixo, bateria e dois sopros), isso com a direção musical de Liliane Secco. Lindos arranjos para um ator que abusa dos clichês na interpretação, que não convence com seus galanteios e chega ao melodramático cômico. Mas agora estamos falando de música, sim música. Preciso ressaltar, que ainda assim esperava mais. A voz não brilhava em cena e o trabalho da direção parecia apenas maquiar a ausência de "verdade" (entendam verdade como crível) do ator.
Para piorar o time, quatro bailarinas (Carolina Ebecken, Clara Francis, Carolina Fernandes e Olivia Vivone), que tão pouco eram grandes bailarinas, como atrizes. Vozes baixas em suas pequenas intervenções e pernas que não realizavam com maestria o jogo da dança cênica. Seria mais interessante um monologo com Mauricio Baduh, acreditando mais no personagem título. Uma coisa é eu interpretar, outra é eu mostrar para a plateia que estou interpretando.
A iluminação muitas vezes deixa o elenco em uma penumbra desconcertante. O figurino é impecável e trabalha com delicadeza cada um dos momentos e soluciona problemas do roteiro de forma visual.
Apesar de tudo o que percebi, vejo também uma vontade grande de fazer diferente, de mostrar que temos novos produtores na cena carioca. É por essa força que vejo em cada canto daquele teatro é que acredito que o espetáculo merece ser revisitado. Eu também gostaria de estar aqui louco por Sinatra.