A sorte se constrói, o acaso está na esquina
Uma grande colcha de retalhos de poesias e pensamentos pode ser apreciada em “Geração Pocket - Pessoas Mal Traduzidas”. O espetáculo que está em cartaz no Teatro Nelson Rodrigues até o próximo dia 18 chega com uma boa proposta de dramaturgia, mas fica no quase quando o assunto é execução.
O texto de Frank Borges é a pérola da montagem, que foi mal executada pela direção que falha com o elenco e aproveitamento do espaço cênico. Os atores estão mal dirigidos e conseguem criar o objeto imaginário e destruí-lo em poucos instantes. É clara a ausência de ritmo e de direção.
Com relação a atuação, o elenco masculino peca ficando apenas na forma. É possível ver atores em cena mostrando o interpretar e não interpretando de fato suas personagens. Com pouco trabalho de corpo e de composição de personagem, o elenco “tenta” se garantir na impostação exagerada de voz. O resultado é um “ vamos forçar a barra com o público”.
Ressalva merecida para a atriz Isabella Parkinson que segura as cenas na medida e no tom certo. Voz rouca que atrai os olhares, cuidado de composição de personagem que pode ser percebido até no tocar dos pés no palco. Aplausos para Isabella Parkinson, que está defendendo sua escritora.
A cenografia é incrível, de encher os olhos. Existe um casamento consistente com o mapa de luz. Natalia Lana que também assina os figurinos, foi sofisticada aproveitando os livros para a composição do cenário. O mesmo é pouco explorado pela direção. Em nenhum momento um livro é retirado da escada e alguns estão ali por enfeite.
Vale dizer, que o diretor Bruno Garcia, tenta parecer conceitual...tenta. O espetáculo que fica na fronteira entre o ficcional e o real fica no “quase” por conta de sua execução mal elaborada.
É sofrido ver acessos de gritos e cusparada em cena sem justificativa e sem transição de emoção. O fato pode ser explicado por conta da chegada de alguns atores quase no momento em que o público era convidado para entrar. Sem concentração, dedicação e ensaio não é possível fazer teatro. Tão pouco assistir! Ao vencedor as batatas, Machado de Assis.