Os Gigantes da Montanha

 

Grupo Galpão de volta às ruas

 

O Monumento dos Pracinhas recebeu em curta temporada o espetáculo “Os Gigantes da Montanha”, do conceituado Grupo Galpão. O público compareceu em peso para prestigiar o grupo mineiro que contou com a direção de Gabriel Villela.

 

A fábula “Os Gigantes da Montanha” narra a chegada de uma companhia teatral decadente a uma vila mágica, povoada por fantasmas e governada pelo Mago Cotrone. Escrita por Luigi Pirandello, a peça é uma alegoria sobre o valor do teatro (e, por extensão, da poesia e da arte) e sua capacidade de comunicação com o mundo moderno, cada vez mais pragmático e empenhado nos afazeres materiais.

 

Somos convidados a discutir e refletir sobre o lugar da arte e da poesia que vivem hoje cercadas pelo que é concreto. Para que ela possa existir, é preciso repensar e renascer.

 

No ano de 1936, Pirandello ainda não havia concluído o texto  “Os Gigantes da Montanha”. Com apenas dois atos, o autor chegou a relatar a seu filho um possível final que é indicado como uma espécie de sugestão de terceiro ato. É no leito de morte que isto ocorre;

 

Com tamanha abertura Gabriel Villela, que reedita uma parceria de 20 anos com o grupo, brilha e traz a força do autor italiano. Aproveitando as possibilidades, o elenco se apresenta ao público cantando ao vivo em italiano.

 

Para compor o repertório da peça foram selecionadas algumas árias e canções italianas, popular e moderna. “Ciao amore”, “Bella ciao” e outras músicas ganham novos arranjos. Um arrepio coletivo, em uma noite encantadora.

 

 O tempo colabora e nada de chuva, mas um vento sutil toca com carinho a cenário. Se estamos cercados por fantasmas seus figurinos dançavam em frente ao Monumento dos Pracinhas.

 

É difícil assistir uma montagem onde tudo se comunica tão bem. O texto, o elenco, o figurino, a cenografia, a maquiagem, a sonoplastia e a iluminação. Tudo ali, na mais perfeita ordem, no mais belo equilíbrio.

 

O figurino faz um passeio pela Itália e pelos casarios mineiros. Villela e seus dois assistentes de direção, Ivan Andrade e Marcelo Cordeiro, misturam referências diversas. 

 

O cenário foi todo construído com madeira de demolição e traz objetos, armários e cadeiras que se movimentam auxiliando na montagem de Villela. Pensando nas apresentações de rua e no horário da noite, os adereços e figurinos são coloridos e brilhantes.

 

A iluminação é assinada por Chico Pelúcio e Wladimir Medeiros. Os figurinos são de Gabriel Villela, Shicó do Mamulengo e José Rosa. A grandiosa e ao mesmo tempo simples e usual cenografia ficam a cargo de Gabriel Villela, Helvécio Izabel e Amanda Gomes.

 

O elenco mais uma vez encanta o público, que entende o conceito de companhia teatral. É delicioso assistir um grupo conciso.

 

No elenco: Antonio Edson – Cromo, Arildo de Barros – Conde, Beto Franco - Duccio Doccia / Anjo 101, Eduardo Moreira – Cotrone,Inês Peixoto - Condessa Ilse, Júlio Maciel – Spizzi / Soldado, Luiz Rocha (ator convidado) – Quaquèo, Lydia Del Picchia - Mara-Mara, Paulo André – Batalha, Regina Souza (atriz convidada) – Diamante / Madalena, Simone Ordones - A Sgriccia e Teuda Bara – Sonâmbula.

 

Palmas aplausos e assobios para a incrível Inês Peixoto, que interpreta a condessa Ilse.

 

Com um discurso artístico que é coerente com suas ações, o Galpão volta as ruas com apresentações gratuitas, dando acesso à cultura por todos os cantos que passa. A trupe que é patrocinada pela Petrobrás ainda realiza em sua sede em Belo Horizonte uma série de oficinas e mostra que é possível se fazer teatro de qualidade, conquistar sua independência e não perder sua essência artística.  

 

Alessandro Moura- Jornalista

 

* Independente das críticas profissionais, sugerimos que assista aos espetáculos e faça suas próprias críticas.
* Acesse a e veja também a opinião do público geral nos comentários.

 

 

 

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