“Os Ciclomáticos Companhia de Teatro” estão se destacando no cenário carioca e fazendo um belíssimo trabalho de formação de plateia no Teatro Ziembisnki, na Tijuca. É assim que o grupo conta com mais de 200 prêmios em Festivais de Teatro de todo o país. Em cartaz até o dia 15 de dezembro, entra em cena uma montagem conceituada que deixa o público boquiaberto com dramaturgia, elenco e concepção.
“Um cabaré-teatro decadente. Madame – a dona do cabaré , Divina - a travesti , Mignon o cafetão, Mimosa III – a criada, Nossa Senhora das Flores – o andrógino e Genet – o autor. Um suspense sórdido onde todos querem ser Madame. Madame não tem sexo, madame não tem cor, madame não tem idade. Os personagens são como anjos. E os anjos devem morrer. Uma trama biográfica ficcional sobre o universo de Jean Genet, pela visão do diretor e dramaturgo Ribamar Ribeiro.”
A dramaturgia de Ribamar Ribeiro é impecável e de uma delicadeza absurda. Assinando também a direção, temos um trabalho conciso com cenas que vão sendo construídas ali diante de nossos olhos. Tudo se transforma, os objetos de cena, os figurinos e a iluminação.
É preciso ressaltar o trabalho de luz, tudo pensando e de extremo bom gosto, favorecendo e enriquecendo as cenas. Um trabalho coeso em parceria com a direção de Ribamar. A iluminação é assinada por Mauro Carvalho.
A cenografia é extremamente usual e trabalha em conjunto com as cenas. Assinada por Cachalote Mattos e Ribamar Ribeiro, ela auxiliar na concepção criada pela direção.
No elenco temos Carla Meirelles, Getúlio Nascimento, Júlio César Ferreira, Mauro Carvalho e Renato Neves. É difícil falar sobre o trabalho destes atores, todos magníficos.
Carla Meirelles brilha com sua Divina e Getúlio Nascimento é maravilhoso com sua Nossa Senhora das Flores. Dono de uma voz espetacular, o ator brinda a plateia com notas melodiosas. É de arrepiar.
A Companhia que segue construindo seu espaço na cena nacional se destaca com uma linguagem própria e de pesquisa. Salve este elenco que se entende no olhar. Aplausos para Ribamar Ribeiro que segue fazendo diferente.
Se Genet ganhou o mundo construindo seus romances e peças teatrais com personagens marginais, temos aqui um outro viés de um grande personagem. Sua personalidade e sua sexualidade se desabrocham em cena e afogam o público em sua própria melancolia.
Alessandro Moura