O Teatro Dulcina, no centro do Rio de Janeiro, passa por um momento único de formação de plateia, e conta com um circuito de espetáculos, de fato escolhidos a dedo. Este é o caso de “Na Bagunça do Teu Coração”, que conta com a direção de Rafaela Amado.
O musical que já fez muitas temporadas na Cidade Maravilhosa, tem um texto sempre no ápice do seu frescor e um elenco que renova suas energias a cada apresentação. Entrar no Dulcina e ver uma plateia lotada e de olhares atentos, é a certeza de que arte de qualidade em preços acessíveis leva o público ao teatro. Idosos, jovens e crianças estavam prontos para revirar a bagunça de seus corações. E assim tudo começou.
Com roteiro de João Máximo e Luiz Fernando Vianna temos um espetáculo muito bem montado e costurado com as belíssimas canções de Chico Buarque que remontam outras tantas histórias. Desafio e tanto para a dupla que teve que construir sua história com as músicas que já fazem parte do inconsciente popular. Tarefa feita com louvor, com um público que sussurra baixinho e torce pelo amor do casal que brilha em cena.
“A história de um casal, que se encontra na noite do réveillon e vive uma tumultuada relação de encontros, desencontros e reencontros até o tão esperado final feliz.”.
Poderia ser apenas mais uma história clichê senão fosse o conjunto da obra. Um trabalho bem amarrado entre direção, cenografia, figurino, músicos e é claro, elenco.
Cristiano Gualda e Anna Bello dão vida a este simpático casal que conquista o público logo em sua primeira entrada de cena. Cada um dos atores vivem ainda três personagens diferentes que fazem a plateia se emocionar e cair na gargalhada. Brilhante a atuação de Gualda e Anna Bello. Palmas, aplausos e assobios.
Os músicos estão completamente integrados as cenas e os arranjos são de primeiríssima qualidade. Afinados com a direção tudo está no lugar.
Com uma cenografia clean e usual, Teca Fichinski auxilia na movimentação cênica a na direção de Rafaela Amado que trabalha bem com o elenco e as canções de Chico. Os figurinos de Teca Fichinski e Ianara Elisa respeitam uma cartela de cores que relembra aquele dia de réveillon, ressalva nos momentos onde a cor invade aquele universo (isso ocorre nas personagens que aparecem ao logo dessa história). Nada está ali por acaso e a palavra que marca a produção é praticidade.
Com recortes bem feitos e uma luz desenhada Luiz Paulo Nenem ganha a cena e favorece o jogo dos atores.
Um espetáculo para perder a noção da hora, esquecer a hora de partir. Olhos nos olhos, sem mais e sem por que. Este é um musical que promete bagunçar o seu coração.
Alessandro Moura - Jornalista