Todos elementos cênicos possuem harmonioso desenho. Um perfeito espetáculo com musicas de Edu Lobo e Chico Buarque.
De maneira delicada e poética o espetáculo é contado com os melhores traços circenses e com um toque mineiro que remete à incrível Cia de Teatro Galpão.
Originalmente concebido para o Balé do Teatro Guaíra no início da década de 1980 baseados no poema A Túnica Inconsútil, de Jorge de Lima o novo Circo Místico esta provocando burburinho no atual cenário teatral carioca. A montagem que segue temporada no Theatro NET Rio confirma que é possível fazer teatro musical sem grandes ostentações valorizando o talento humano, contagiando e emocionando o publico. É o ator em cena como grande protagonista.
Como uma grande obra teatral, O GRANDE CIRCO MISTICO é feita a varias mãos. A direção de João Fonseca, acerta em cheio na construção de uma montagem que valoriza a simplicidade das cenas e a emoção das canções em um conjunto tecnicamente perfeito.
O texto poético é escrito por Nilton Moreno e Alessandro Toller, que criam uma nova história, ao retratar o amor entre Frederico, um aristocrata, e Beatriz, a bailarina de um circo. Interpretados por Gabriel Stauffer e Letícia Colin.
O elenco está bem consistente e transmite ao publico um ar de companhia com bons argumentos cênicos.
Gabriel dá vida a um romântico. Na composição da personagem simplicidade e um brilho no olhar que preenche. Destaque para o trabalho de voz do ator que utiliza bem em cena seu instrumento. Letícia é uma estrela e tem um domínio cênico incrível e conquista a platéia de cara, porém sinto a falta da expressão corporal da bailarina, mas nada que comprometa as cenas.
Não posso deixar de destacar o incrível trabalho de Ana Bird que da cor a uma Mulher Barbada com nuances dramáticas e sem sombra de dúvida a melhor voz do espetáculo, Fernando Eiras, compõe com muita verdade o Administrador do Circo que apresenta uma composição de personagem admirável. A personagem de Reiner Tenente (Clown) fundamental na narrativa e feita de humor e poesia na dose certa principalmente na cena da sua morte.
Vale ressaltar o belo trabalho de construção de personagens dos atores Felipe Habib, Thadeu Torres, Paula Flaibann e Marcelo Nogueira que estão se divertido em cena. Os demais atores do elenco cumprem bem o papel colorindo a tela sobre esta bela obra de arte viva.
As coreografias bem marcadas de Tania Nardine são pontos fortes da montagem, principalmente a cena da canção BEATRIZ, onde a personagem de Letícia Colin faz um número com cavalos, estes interpretados por Leo Abel e Douglas Ramalho.
A iluminação tem composição marcada e colorida, assinada por Luiz Paulo Nenen, a criativa direção musical é de Ernani Maletta, a barroca e bela cenografia de Nello Marrese, os precisos e bem acabados figurinos são de Carol Lobato e o visagismo sempre magistral de Leopoldo Pacheco dão todo acabamento, textura e forma a esta maravilhosa obra de arte com o nome O GRANDE CIRCO MÍSTICO.
O final do espetáculo é lindo e comovente. Simples, mas com elementos dramatúrgicos bons para os olhos e o coração. Um espetáculo que orgulha a nossa dramaturgia nacional. Vale rir, se divertir e se emocionar com este belo circo.
Por Rodrigo Medeiros