CRÍTICA |

Um chá para alegrar as tardes do fim de semana
 

“Um Chá para Alice” é um programa para toda família no melhor estilo Broadway. Uma releitura musical da obra “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll. A montagem que está em cartaz no Teatro Miguel Falabella, no Norte Shopping segue temporada até o dia 6 de Julho.
 

A história é conhecida: Alice sai correndo atrás de um coelho branco de colete vermelho e cai num buraco, que a leva a um universo fantástico, povoado por seres pitorescos. A jovem passa o resto da história tentando encontrar um jeito de voltar para casa. É neste lugar caótico que se desenrola a trama central, o cenário perfeito para as criações de Dharck Tavares, que assina texto, direção e coreografia.
 

O release enviado pela produção ressalta as adaptações ao texto original: “Na trama, Alice é uma jovem de 17 anos que está entretida na leitura de um livro quando observa um intrigante coelho branco apressado passar na floresta, e decide segui-lo. Ela percebe que a todo momento ele retira um relógio do bolso. Com o objetivo de alcançar o rápido coelhinho, Alice cai dentro da toca dele, e após um longo trajeto ela chega ao País das Maravilhas. Lá ela se depara com um mundo incrível onde os animais e as rosas falam; conhece a lagarta conselheira; um exército de cartas e a malvada Rainha de Copas; o gato alegre, sempre a sorrir, que some e aparece; e o chapeleiro maluco e ainda é convidada para tomar um chá. Alice passa 10 anos tentando sair daquele lugar encantado e enfrentando diversos desafios.”
 

Tudo no espetáculo é muito colorido e tem grande riqueza de detalhes. A cartela de cores do figurino abusa de todos os tons. A caracterização dos personagens como um todo, cabelo e maquiagem, está impecável. Os diferentes ambientes também estão bem construídos e a troca de cenários é realizada de forma orgânica, sem prejudicar o andamento da peça. A utilização certeira das cores é um grande trunfo do diretor. Cores diversas usadas em perfeito equilíbrio marcam presença ainda no cenário e iluminação. Tudo se encaixa de forma harmônica, inclusive nos números de grupo. Aqui, o over é permitido e dá mais sustentação ao universo fantasioso da história.
 

Os números musicais são bem executados por todos os atores e são os responsáveis pelos melhores momentos do espetáculo, principalmente as apresentações de grupo. As coreografias exploram as potencialidades individuais de cada ator, com passos de ballet e sapateado, e, nas montagens em grupo, ganham força pela sincronia e beleza de conjunto.
 

Além de dirigir, roteirizar e coreografar o espetáculo, o multifacetado Dharck Tavares faz papel duplo de ator na montagem: Mestre Gato e Coelho Branco (talvez por isso a falta da cena inicial do coelho correndo atrasado, pois na sequência vem uma cena do Mestre Gato). No palco, exibe suas qualidades como intérprete e dançarino e, acima de tudo, seu carisma e sensibilidade no trato com o público contagiam a todos. Ele, aliás, não é o único a desempenhar papel duplo: as atrizes Kelly Maurelli e Luna Lima, além de darem vida às cartas, responsáveis por bons momentos da encenação, interpretam a irmã da Alice e a borboleta, respectivamente.
 

A atriz Rayssa Bentes é a responsável por dar vida à protagonista e encanta a todos com sua meiga Alice. É impossível não embarcar na história com ela. Raí Valadão rouba a cena como Chapeleiro Maluco e sua potente voz e Rodrigo Fernando conquista a simpatia do público como a temida Rainha de Copas.
 

Repleta de metáforas, muitas relacionadas ao tempo e, principalmente, à falta dele, e citações como ‘o mundo é feito de mudanças’, “Um chá para Alice” é um espetáculo para toda a família.
 

Um espetáculo para os olhos. Uma montagem tão rica e bem cuidada visualmente que o uso de playback em determinados momentos acaba passando despercebido. Num momento em que todos vivemos correndo e com pressa para tudo, vale a pena parar para tomar este chá.
 

Por Tatiana Rockenbach

Peça Um Chá para Alice

Temporada de 03/05/2014 Até 06/07/2014 na Teatro Miguel Falabella