CRÍTICA | Atrás da Porta

Atrás da Porta - Ótima estreia em Copacabana

 

Ótima estreia em Copacabana

“Atrás da porta” estreia sem parecer estreia felizmente. Em cartaz no Teatro Glaucio Gill, em Copacabana, a peça foi escrita por Fernando e por Guilherme Scarpa, pai e filho, há oito anos e revela uma dramaturgia tão madura quanto inteligente. Dirigida por Emilio Orciollo Netto, o espetáculo tem Bruno Padilha, Maria Eduarda de Carvalho, Leandro Baumgratz e Luiza Scarpa no elenco. Na conversa de dois casais de amigos, está uma reflexão sobre o poder do equilíbrio. Vale a pena ver.

 
Ao chegar em casa do trabalho, Marcos (Bruno Padilha) se serve de whisky em seu pequeno bar particular e se prepara para relaxar. É quando sua esposa Julia (Maria Eduarda Carvalho) avisa que vai embora, que o casamento acabou. Chico (Leandro Baumgratz) e Regina (Luiza Scarpa) chegam a casa de Marcos para uma noite, como tantas, de bebedeira e de conversas aleatórias, mas também para consolá-lo diante da separação iminente. O álcool e o cigarro, na situação da peça, relaxam os reguladores sociais e fazem vir à superfície verdades mantidas em silêncio de uns por sobre os outros. Valas vão aparecendo entre os quatro personagens, mas, dentre elas, uma se torna fundamental. Como um iceberg, Julia (o exato oposto da Júlia de Strindberg) não se embriaga, não se apaixona, não se comove. E o melhor desta dramaturgia é que o público vai embora com a tarefa de descobrir em si o que fazer com esse ideal materializado de equilíbrio, sobriedade e de conveniência que os livros de auto-ajuda, a moral e que as terapias psicológicas tanto almejam construir em nossa sociedade.
 
Na estreia, destacam-se Maria Eduarda de Carvalho e Luiza Scarpa em interpretações repletas de ótimos usos dos tempos, das marcas, dos espaços como pontos que dão liga às relações da narrativa. Como um todo, o elenco deixa ver bom domínio dos personagens e principalmente das intenções de cada cena, estruturando um ápice a que se chega em bom ritmo crescente. Emilio Orciollo Netto apresenta um trabalho de direção que é sólido na construção de uma tese estética infelizmente um tanto rara hoje em dia. Nem o texto se esgota sem a encenação, nem o teatro subverte o texto.
 
Como todo bom espetáculo realista, cenário e figurino não se esforçam em aparecer, mas, sim, em fazer aparecer a história. Nesse sentido, são ótimas as contribuições de Fernando Scarpa e de Maria Luz Gómez  no cenário, e de Manoela Pessoa no figurino. Ambos ilustram a situação e seus personagens sem causar entraves ao ritmo da narrativa, mas facilitando que ele corra rápido positivamente.
 
“Atrás da porta” parece uma peça simples, mas sabe-se que não há facilidade em tratar de um tema complexo. Sem pretensões estéticas, ela se torna uma obra ainda mais importante. O projeto merece aplausos. A ver!
 

 

* Independente das críticas profissionais, sugerimos que assista aos espetáculos e faça suas próprias críticas.
* Acesse a página do espetáculo e veja também a opinião do público geral nos comentários.

 

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