Da Vida das Marionetes - Um dos melhores espetáculos em cartaz. E o mais elegante.

 

Um dos melhores espetáculos em cartaz. E o mais elegante.

 

“Da vida das marionetes” é um melhores espetáculos em cartaz na programação teatral carioca nesse excelente mês de agosto que conta com mais de quinze excelentes produções disponíveis para ver. Com texto adaptado a partir do telefilme homônimo do sueco Ingmar Bergman (1918-2007), a peça se apresenta com trabalhos de interpretação cujo nível de excelência é altíssimo. Com direção de Guilherme Leme e codireção de Miwa Yanagizawa, a montagem foi idealizada por Pedro Osório e está em cartaz no Espaço Sesc – Mezanino, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. Valeapeníssima ver!
 
Como no filme lançado em 1980, a história da peça retrata de forma não linear os momentos em redor do assassinato da prostituta Ka (Claudia Mauro) por Peter Egermann (Pedro Osório). De um jeito extremamente franco, Bergman expõe o terrível tédio sentido pelo protagonista, tornando a obra uma crítica terrível à sociedade de consumo retratada por personagens comuns da Alemanha Ocidental. Casado com a estilista Katarina (Milena Toscano), Peter é visto ao lado do seu psiquiatra Jensen (Luiz Furlanetto), que também é o amante de sua esposa. Em, seguida, se conhecem o ponto de vista de Cordélia (Sandra Barsotti), mãe de Peter, e de Tim (Arnaldo Marques), amigo de Katarina. Movimentando-se vagarosa e delicadamente pelo horizonte da trama, a narrativa anda verticalmente pelo interior de cada personagem, estruturando-se em uma complexa rede de dados e de relações diante das quais se pode compreender a situação em que o fato do crime acontece.
 
Na versão de Leme e de Yanagizawa, os atores dizem o texto sentados, com expressões bastante econômicas. O feito, além de valorizar a dramaturgia, sustenta um certo tipo de tensão que desperta o interesse não apenas sobre o desenrolar dos fatos, mas também sobre a realidade de cada participante dessa situação bergmaniana. O efeito dos primeiros planos que o cinema proporciona ganha excelente adaptação na cena teatral, obrigando o espectador a acomodar seus pontos de vista nos detalhes das interpretações. Todo o elenco, sem exceção, está em excelentes trabalhos, construindo e dando a ver um campo de sentidos bastante rico em cada fala, em cada cena. Os diálogos, dentro do ritmo proposto, são ágeis em sua complexidade, fazendo evoluir imagens que não se repetem, mas se complementam de um jeito vibrante.
 
Fernando Alexim veste o palco com um carpete negro, cujo único ponto de escape é uma longa e lisa mesa cor de madeira e quatro cadeiras. Ainda na mesma paleta de cores, os figurinos de Ana Roque variam do branco ao champagne, auxiliando na construção do efeito dos primeiros planos. Os recortes, na iluminação de Vitor Emanuel, são positivamente claros, precisos, sem cores. A trilha sonora de Marcelo H. situa o tom da história narrada: um crime factual, mas que também é chave para compreender uma teia de relações na qual estão envolvidos os personagens. De um modo geral, a direção de arte é responsável por confirmar a opinião de Bergman aos filmes em preto e branco. Segundo o diretor e roteirista sueco, a realidade não é colorida.

Em “Da vida das marionetes”, título que surge a partir de “Pinocchio”, de Carlo Goldoni, de um lado temos uma situação e de outro um crime. Ao buscar as pontes que possam relacionar um ao outro, o espectador se torna sujeito da narrativa cênica, essa que, nesse caso, tem um nível altíssimo de elegância e de complexidade. Bravo!
 

Por Rodrigo Monteiro

Peça Da Vida das Marionetes

Temporada de 02/08/2014 até 24/08/2014 no Espaço Sesc Copacabana

 

 

* Independente das críticas profissionais, sugerimos que assista aos espetáculos e faça suas próprias críticas.
* Acesse a e veja também a opinião do público geral nos comentários.

 

 

 

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