Dois Amores e Um Bicho - SEM INFORMAÇÕES


Sinopse:

O espetáculo “Dois amores e um bicho”, com texto do premiado dramaturgo venezuelano Gustavo Ott, reestreia no dia 6 de abril, às 19h, no Teatro Glauce Rocha, e segue em cartaz de quarta a domingo, até o dia 29 de abril, sempre às 19h, como parte da Ocupação Dramaturgias Contemporâneas. A peça narra a história de um pai de família que mata seu cachorro a pontapés por considerá-lo homossexual.
 
O texto parte deste episódio ocorrido em um pequeno núcleo familiar para falar da violência que assola a sociedade como um todo. Dois Amores e Um Bichoestreou em julho de 2017 no SESC Copacabana, foi sucesso de público e crítica(ver críticas) e foi selecionado para participar do Festival Niterói em Cena. 
 
A montagem dirigida por Danielle Martins de Farias conta com três atores em cena, que dão vida aos membros da família e também aos personagens secundários. A mãe tem atuação da atriz Carla Guidacci. Para interpretar o pai, uma curiosidade: os atores José Karini e Lucas Gouvêa construíram juntos o personagem e se revezam  nas apresentações. Assim como as atrizes Ana Moura e Julie Wein, também musicistas, se revezam na atuação da filha, executando ao vivo a trilha sonora do espetáculo, tocada no piano e violoncelo/guitarra.
 
Outra característica da peça é a diversidade das imagens que sugere; o cenário não realista de André Sanches remete ao aprisionamento real e metafórico, assim como a luz sombreada de Renato Machado, que vaza através de gaiolas penduradas no cenário, oferecendo leituras não somente no conteúdo literal das falas dos personagens, mas também na articulação com os elementos da encenação.
 
A peça apresenta a história do passeio de uma família comum pelo zoológico, que se converte em pesadelo ao reviver um episódio enterrado no passado. O autor propõe uma alternância entre diálogos e falas épicas, possibilitando ao espectador conhecer os desejos e pensamentos dos personagens, como um confidente, e também ver a história por diferentes pontos de vista. A grande comunicabilidade do espetáculo também se dá pelo humor do texto, que, apesar de denso, causa riso pelo patético.
 
O dramaturgo nos mostra que também somos capazes, como sociedade, de cometer atrocidades em nome de uma moral preestabelecida - que ainda nos dá o conforto de agirmos com a consciência limpa, supondo que estamos fazendo o que é “correto”. A violência é o marco da falência de uma estrutura comunitária; violência que se expressa não apenas literalmente, mas também no medo generalizado, na intolerância em relação às diferenças e na dificuldade de expressar afetos, gerando incomunicabilidade.
 
Como explica a diretora em entrevista concedida ao Globo Teatro: “O autor consegue colocar em cena esses estranhos tempos atuais (...) E ele consegue fazer isso de uma forma a levar o espectador a refletir sobre o seu papel no mundo. Mais importante que as questões em si é percebermos que as verdade absolutas tendem a visões parciais e autoritárias.”
 
Sobre o espetáculo
A peça discute questões fundamentais de forte cunho humano e social, como o preconceito ao homossexualismo, as pequenas atitudes fascistas do cotidiano, que levam a uma cultura da violência e da espetacularização pela mídia. Com grande habilidade, o autor aproxima o expectador de questões complexas por partir de um acontecimento que se dá em uma família como outra qualquer.
 
Deste modo, as relações entre os personagens da família se transformam em uma alegoria perfeita para se compreender a sociedade como um todo. Paralelamente ao acontecimento principal – o assassinato do cachorro – a peça vai mostrando um amplo panorama da violência na sociedade em suas mais variadas formas e como esta onipresença acaba condicionando o comportamento das pessoas por sua banalização.
 
Por um lado, temos a ilusão de uma sociedade livre e mesmo permissiva. Por outro lado, essa mesma sociedade "aberta" apresenta uma propensão ao controle social em nome da segurança, ao moralismo e ao sensacionalismo, criando pânico, multiplicando radicalismos, dando lugar ao temor generalizado e à intolerância em relação ao diferente.
 
Expondo os paradoxos da contemporaneidade, a obra capta os impasses éticos, ideológicos e políticos do mundo atual dentro de uma estrutura de drama familiar, relacionando o lar ao zoológico. Como o autor deixa claro nas epígrafes da peça – “É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.” (Einstein) e “Quanto ódio carregamos sem perceber em nossas vidas diariamente?” (DeLillo) –, o preconceito e o ódio, não importam os seus alvos, são a base de um tema geral e irrestrito.
 
Por trás dos diálogos, impõem-se a violência, seja ela literal, como nos pontapés que mataram o cachorro da família, ou manifestada nos fascismos cotidianos, nos traumas e na incomunicabilidade. 
 
Também somos capazes, como sociedade, de cometer atrocidades em nome de uma moral estabelecida ou de um credo, somos também sujeitos ao ódio social e preconceitos, a transformar hostilidade reprimida em sadismo em relação às pessoas que consideramos “o outro grupo”.
 
A violência é o marco de falência de uma estrutura comunitária. Para os personagens da peça, a rememoração evidencia a reflexão que o momento do acontecimento trouxe à tona. Da mesma forma, o público, que não encontra uma resposta pronta, começa também sua reflexão atrás de suas próprias respostas.
 
O autor aborda preconceito e intolerância na sociedade atual através de um episódio ocorrido num pequeno núcleo familiar. Um casal de meia-idade vai visitar o zoológico onde trabalha sua filha, uma veterinária. Lá eles se surpreendem por encontrar um orangotango isolado em uma jaula por haver molestado sexualmente os demais.
 
A prisão do animal faz a filha recordar que, quando ela era criança, seu pai esteve preso, assunto do qual nunca mais se falou. Após muita resistência, o pai confessa que, há 15 anos, ao surpreender seu próprio cachorro em relação sexual com outro cachorro macho, matou-o a pontapés por acreditar que ele fosse gay.
 
A filha ao saber deste fato começa a perceber o desmoronamento do seu pai como herói. Por outro lado, a passagem da filha para a vida adulta provoca uma abertura no olhar da mãe, que passa a ver no marido uma imagem que estava submersa, escondida pelos afazeres da vida cotidiana e pela responsabilidade de criar a filha, revendo seu lugar de submissão. 
 
Ficha Técnica:
Dramaturgia: Gustavo Ott
Direção: Danielle Martins de Farias 
Elenco: Ana Moura/ Julie Wein, Carla Guidacci, José Karini/Lucas Gouvêa (os atores se revezam)
Direção musical: Felipe Habib
Movimento: Toni Rodrigues 
Iluminação: Renato Machado 
Cenário: André Sanches 
Figurino: Raquel Theo 
Design Gráfico: Marcus Moraes 
Realização: Notória Companhia de Teatro
Produção: Notórias Produções



Duração: 75 minutos


Temporada:
Sem Informações!


Contato:
(21) 2220-0259


Classificação:
14 anos


Genero:
Drama




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