Ela só queria ser quem ela realmente era - SEM INFORMAÇÕES

Ela só queria ser quem ela realmente era” se anuncia como uma peça que não pode acontecer porque faltam atores.

 

O espetáculo ocorre em negativo, des-acontecendo, questionando ironicamente aquilo que costumamos chamar de apresentação teatral.

 

Os atores falam de maneira confusa, repetem frases, pedem desculpas, olham as horas, movimentam-se, dançam, anunciam à plateia um espetáculo que será́ incrível, extraordinário, “nosso primeiro espetáculobom”, assim que o elenco estiver completo.

 

Luz e som fazem suas próprias apresentações e ajustes, operando em paralelo com os atores. Não se busca uma composição, a atmosfera é de montagem pré-espetáculo. 

 

Na verdade, o espetáculo que se assiste não só está acontecendo de fato, como se propõe a ser uma experiência positiva do múltiplo e do inacabado, um elogio da surpresa e do imprevisto.

 

Diferente do que informa ironicamente, não falta nada ao espetáculo: a cena transborda de teatralidade, uma teatralidade que não se pauta e nem se confunde com a construção de um discurso ou narrativa coerente, mas que atiça o pensamento a cada instante e mobiliza o imaginário da plateia para além dos limites do palco, embaralhando vida e arte, espectador e personagem, ficção e realidade, num jogo aberto com o espectador, que é convidado a experimentar o teatro como possibilidade, não como fato.

 

Porque “teatro” é algo sempre por fazer, sempre incompleto.

 

Tudo deve caber no teatro, pois nada no mundo é apenas o que é, inclusive o teatro. Aquilo que é posto em cena já é cênico, assim como aquilo que está na vida já é vida, mesmo que não pareça ou não deva ser, seja porque nos incomoda, porque só nos aparece nos sonhos ou porque parece não fazer sentido.

 

Ficha Técnica:

Autor: Pedro Florim

Direção: Pedro Florim

Elenco: Nara Parolini, Pedro Florim, Leonardo Bastos, Cristina Flores, Henrique Juliano, Gustavo Damasceno, Filipe Codeço, Pedro Uchoa, Lucas de Castelo e TaiyoOmura.