Um homem de teatro que revela seu olhar através de suas lentes. Conhecido por ser o fotografo que deu vida ao Ophelia Project, Sergio Santoian ganhou a mídia nacional e admiradores de suas imagens. Cenas ousadas, com uma plástica típica daqueles que amam a arte e o palco. Repleto de nomes do teatro e da TV o projeto que conta com mais de 50 imagens é inspirador. Nosso personagem da semana revela como tudo começou, fala sobre carreira, teatro e novos projetos.

“Eu tinha 15 anos quando comecei a fazer teatro com o diretor Daniel Herz. Comecei muito novo, querendo fazer teatro porque achava legal ver os atores na tv. Lembro que fiquei impressionado de ver o Edson Celulari, fazendo "Dona flor e seus dois maridos" e logo depois a novela "Torre de Babel". Achei legal ver o quanto era possível "mudar", fazer o novo. Alguém me disse que para fazer TV teria que fazer teatro antes, pois era a base. Entrei, me apaixonei e o que era pra ser um "trampolim", uma "ponte", passou a ser parte da minha vida. Passou a me formar como pessoa e como artista. Passou a me agregar valores, conceitos e também uma estética. ”

“Sim, a dramaticidade que se enxerga no meu trabalho como fotógrafo, vem dos palcos. Seria impossível dizer o contrário. ” Sergio Santoian

O projeto que tem atraído olhares nasce de uma vontade de seu criador de unir suas duas profissões: o ator e o fotógrafo. “Hamlet foi tema da minha monografia de conclusão de curso, na faculdade onde me formei como ator. Sendo pra mim um dos mais importantes textos do teatro mundial e considerando Ophelia uma das personagens mais incríveis de todos os tempos, onde o amor é a grande base para sua trajetória no texto, resolvi unir tudo, todas essas minhas paixões e montar um projeto,  tendo meu olhar como assinatura. ”, revela.

Miguel Falabella, Matheus Solano e Ney Matogrosso são apenas alguns nomes que participaram do projeto. Mas será que nasce um dia de Ophelia?

“Todas as pessoas que participaram do projeto, sendo elas famosas ou não, são pessoas pelas quais eu tenho uma admiração especial. Para cada um, olhei e elaborei uma composição diferente, a partir do que conhecia da pessoa ou mesmo da energia que "brotava" na hora de fazer as fotos. 

Parece loucura dizer isso, mas nenhuma das fotos do projeto teve uma grande produção, ou demorou horas para ser feita, muito pelo contrário. Na maioria das vezes éramos eu a pessoa e a câmera e montávamos a foto com elementos que tínhamos na hora, com coisas que levamos sem mesmo saber porque e até mesmo com o cenário que tínhamos pra clicar (quase sempre a natureza). Eu gosto do improviso. Gosto que esse tipo de foto nasça como uma cena, eu e o fotografado trocando sempre, pedindo e recebendo, muitas vezes só trocando algumas palavras. ”, conta.

“O amor sempre me inspira. Ele é o grande combustível do meu Ophelia Project. ” Sergio Santoian

“Quando surgiu a ideia de fazer o livro, vi que teria que ter uma certa quantidade de fotos para elaborar o mesmo. Não queria fazer um livro por fazer, então além do conceito das fotos, comecei a pensar no conceito do livro. Dividi o Ophelia Project em duas partes que chamo de "Páginas negras" e "páginas brancas". Nas brancas, tenho fotos mais leves, mais lúdicas, onde parto de um ponto de vista meu sobre uma Ophelia menina, que morre acidentalmente afogada. Nas negras, resolvi fazer a maioria no lago, com pessoas quase sem roupa ou sem roupa. Pessoas gritando, sujas de lama, desesperadas. Nessas parto de um olhar por uma Ophelia mulher, que desesperada, se mata por amor. O lago ao mesmo tempo que representa a morte, representa a liberdade. Pra mim, a única forma de liberdade para Ophelia era a morte. ”

Sobre seu universo particular o autor de Ophelia Project comenta. “Meu mundo é um mundo onde faço questão de conviver com pessoas que me fazem o bem. Respeito, confiança, coragem, determinação, eficácia, felicidade, amor, honestidade e vontade são as principais palavras que fazem parte dele. Respeitar o próximo e me respeitar acima de qualquer coisa. Acreditar que o amor e só ele, será capaz de tornar nosso mundo, um mundo melhor para todos nós. Sim, um pouco de nostalgia sempre é preciso. Ficar triste, vez ou outra, também acho legal (risos). Ah, adoro chorar, lava a alma. (risos)

Para os admiradores do fotógrafo, a novidade é que o Ophelia Project poderá ser visto em breve. “Estamos programando uma exposição simultânea para o RJ e SP para o final deste ano. Esse será o pontapé inicial do projeto. O Ophelia project além de virar uma exposição, será lançado como livro no próximo ano (2015). Além disso, o projeto se desdobrou e também se tornou uma peça. Estou em processo de ensaio, dirigindo Ophelia Project - A peça, com texto do Franz Kepler, tendo o ator Cirillo luna como Ophelia.” , afirma.

Serginho como é carinhosamente conhecido diz que o projeto ganhou uma dimensão que nunca poderia imaginar.

"Poder trabalhar com pessoas as quais sempre admirei e tive vontade de trabalhar. Ver pessoas querendo fazer parte do projeto. Isso não tem preço! Esse projeto me levou muito além do que pensei ou sonhei que poderia chegar um dia, como fotógrafo. Me fez ter a certeza do meu caminho e das minhas escolhas na fotografia. Foi uma porta que se abriu e que não fecharei nunca mais. Logo teremos muitas novidades no mesmo estilo do Ophelia. Aguardem! ”.

Texto e entrevista: Alessandro Moura