Nosso personagem da semana é natural de São Paulo e é durante uma rápida passagem pelo Rio de Janeiro que conseguimos um tempo em sua agenda. O ator e diretor teatral ganhou o Brasil com o personagem “Nino” da série da TV Cultura Castelo Rá-Tim- Bum, de lá para cá fez diversas novelas, minisséries e lindos espetáculos teatrais. Sua última montagem “O Libertino” contou com a direção de Jô Soares, foi sucesso de público e crítica. Cássio agora aproveita os dias de sol do Rio de Janeiro e os aplausos cariocas na opereta “A Viúva Alegre” no Theatro Municipal do Rio. Em um bate papo descontraído o ator falou sobre carreira, personagens e teatro.
Cássio teve a oportunidade de vivenciar grandes momentos de nosso teatro. Começando por sua formação até as personalidades que o ator conheceu.
“A profissão que me escolheu. Eu nunca tive vontade de fazer outra coisa. Minha mãe trabalhava em rádio e queria ir para São Paulo para fazer EAD (Escola de Artes Dramáticas). Eu acabei fazendo EAD, anos depois. Eu era um rato de porta de teatro. Eu assisti a coisas que ninguém podia. As pessoas me colocavam pra dentro. Assim eu conheci muito de teatro. Quando eu entrei para a Escola de Artes Dramáticas eu já tinha uma grande vantagem...eu tinha a bagagem de ter visto muitas montagens.” Revela o ator.
Cássio nos conta ainda dos cursos que frequentava no famoso e saudoso Teatro Brasileiro de Comédia.
“Bom... Tinha um curso em São Paulo no TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) entre os anos de 1976 e 1977 que se chamava “Projeto Cacilda Becker”. Era um ciclo de palestras, cursos e debates. Eu devia ter uns 11 anos e ali meio sem entender tudo, buscava entender. Eu também fiz parte do balé estágio, eu achei que seria um barato. Dancei um tempão...até meus 35 anos. Fiz dois anos de Célia Helena (que está bem diferente do que é hoje). Ela não tinha interesse de colocar pessoas no mercado de trabalho, ela queria formar cidadãos. Para mim o teatro é mais sacerdócio que profissão.”, conta.
É fato que a busca do ator desde a infância pela profissionalização está presente no discurso e na prática. Mas quando será que essa vontade de fazer teatro começou?
“Eu me lembro que a vontade de fazer teatro me foi despertada por influência da TV, havia um programa que falava sobre o teatro paulista...assim eu fui me apaixonando ainda mais. Eu prestei EAD e passei. Fiz um ano e tranquei para ir fazer um projeto de uma companhia italiana. Lá eu trabalhei por um ano, logo depois voltei para o Brasil e terminei o curso da EAD. Com o espetáculo de formatura conquistei o APCA de Ator revelação...depois cai na vida. (risos).”
É uma geração inteira que canta o “Bum bum bum...Castelo Rá-tim-bum...” Te incomoda falar do Nino?
O Nino para mim é uma faca de dois gumes. Ele tem uma penetração violenta sendo em uma TV pública. O Nino é um personagem com muito crédito, mas o jogo do mercado é cruel e as pessoas acabam nos limitando pela imagem da personagem. O projeto foi jogado fora após a mudança de gestão da TV Cultura, foi um projeto jogado fora. Nino acabou me dando alguns problemas na minha vida pessoal. As pessoas acabam me relacionando com a personagem infantil. Eu escuto pelo menos 20 vezes ao dia: - Você é o Nino?
Com tantas montagens teatrais no currículo, teria algum personagem que sente saudades?
“Saudade? Saudade a gente sempre sente do último. Eu tive muita sorte na escolha de bons personagens. Tem coisas que guardo com mais carinho, é claro. Memórias Póstumas...varias coisas...” diz Scapin.
Apesar disso o ator revela que de seu currículo dois trabalhos, não gostaria de ter feito...
“Tem dois espetáculos que confesso que não queria ter feito...mas não posso falar quais são. (risos). Mas tem vários que tenho vontade de fazer mais...Tenho vontade de fazer mais Shakespeare e também Tenesse Willians. Seria lindo fazer o Caixeiro Viajante...” conta o ator.
Sobre a opereta “A Viúva Alegre”, ator fala um pouco sobre o diferencial da montagem.
“Essa opereta tem uma viúva de fato com muita alegria...com uma pegada mais moderna. O trabalho é quase um musical. A viúva é a mãe dos musicais. Vou ter o maior prazer que as pessoas assistam a obra.”
Bate Bola
Ator é mais talento, sorte ou técnica?
Não da prá contar apenas com a sorte. Quando ela chega nos temos que ter equipamentos para aproveitar a oportunidade.
Uma dica para quem quer fazer teatro
Decidir. Você tem que saber se quer ser famoso ou quer ser ator, porque são coisas absolutamente diferentes.
Um recado para o público do Rio No Teatro
Eu me considero um cara de teatro, onde me formei e onde tenho muito para fazer. O Teatro precisa de público. O Teatro não é só diversão ele também é para fazer pensar. O pensamento também diverte.