Beleza e talento se fundem no encantamento da personagem desta semana que tem uma carreira marcada por fortes papeis. Na TV ficou famosa na extinta Manchete, no cinema começou ainda pequena. Aos sete anos já estava atuando com a influência dos pais. O destaque desta semana é a atriz Ingra Liberato. Desliguem seus bips e celulares, o terceiro sinal já foi dado.  

Sobre o inicio na carreira, Ingra revela que tudo começou dentro de casa. “Meus pais me influenciaram totalmente, pois são artistas e criaram os cinco filhos num ambiente rico em artes plásticas, música, dança e teatro. Era dificil decidir o que eu faria, então acabei fazendo um pouco de tudo. Fiz meu primeiro filme aos sete anos. Filme do meu pai Chico Liberato, Ementário. Depois fiz cinema de animação com ele, até os doze anos, mas como já dançava desde cedo resolvi seguir a carreira de dançarina. Já estava no meio da faculdade de dança quando vim ao Rio passar umas férias. Fiquei um mês e conheci pessoas de teatro. Comecei a acompanhar o processo deles e quis experimentar. Fui sendo convidada para atuar e fui ficando. No segundo ano, tranquei a matrícula na faculdade de dança e decidi que o teatro era meu lugar.”, nos conta.

Quando o assunto é o cenário teatral carioca, nossa personagem diz que não tem esppaço físico e que os grupos abusam da criatividade para continuar a arte do fazer teatral. “Muita gente busca espaços alternativos e isso é muito inteligente. Vi peça aqui no Rio até em casa de swingue e era ótimo. Claro que o lugar tinha tudo a ver com a discussão proposta pelo texto. Enfim, tem espaço para todos capazes de buscar caminhos alternativos. A divulgação no Rio é muito cara, então realmente quem não tem patrocínio não consegue pagar aluguel de teatro caro. Tem que buscar novos caminhos.”, lembra.

“Não sinto saudade de nenhuma personagem , porque uma vez vivida elas não saem mais de mim. Carrego comigo essas experiências e gosto de focar nos novos desafios.”

Não tem como falar com Ingra Liberato sem lembrar da TV Manchete. A atriz acredita que na TV o que mudou basicamente foi a busca por novos talentos. “Quando cheguei no Rio, só a Globo fazia novelas de qualidade e não se arriscava dando papeis importantes para gente nova no pedaço. Fiz o primeiro capítulo de Tiêta como Tonha jovem (depois Ítala Nandi) e eles estavam muito preocupados com os atores iniciantes num primeiro capitulo de novela das oito. Muito ensaio e um capítulo que mais parecia um filme de tão bem cuidado pelo diretor Luiz Fernando Carvalho. Então a Manchete que já tinha feito uma ótima novela(Kananga do Japão), resolveu gravar no Pantanal. Poucos atores conhecidos toparam essa aventura, então a saída foi lançar gente nova. Fiz teste com Paulo Gorgulho e fomos escolhidos para ser o casal do primeiro mês da novela. Com o sucesso de Pantanal, a Globo percebeu que novos talentos eram muito bem recebidos pelo público. Perdeu o medo de lançar gente nova e hoje buscam talentos em todo o Brasil. Foi um movimento muito positivo que começou junto com minha história aqui no Rio.” , revela.

Agora é hora de falar de teatro. Segundo a atriz o trabalho que mais a marcou no teatro foi "Inimigas Íntimas", porque foi escrito a partir de um argumento seu e a peça ficou em temporada por cinco anos em Porto Alegre. “Não ficamos em cartaz direto, porque não existe espaço pra isso, mas foram muitas apresentações. Quase sem sair do palco, fazendo vários personagens, com platéia variadíssima e um trabalho de clown primoroso feito pelo diretor especialista no gênero, Néstor Monastério. Aprendi muito com ele.”,

A atriz está cheia de vontade e rodeada de novos projetos e já se prepara para filmar no segundo semestre. “Acabei de fazer uma novela e tenho projetos de teatro. Como as gravações acabaram há uma semana, ainda estou me organizando. Estou disposta a fazer muita coisa ao mesmo tempo. Fiquei onze anos fora do Rio e voltei cheia de vontade.”.

Rapidinhas com a Ingra

RNT: Qual o conselho para quem está começando?
Ingra Liberato: Tem que ter uma necessidade de atuar muito grande para seguir esse oficio. É dificil, exige muito trabalho, muita entrega, muita humildade e é super instável. Tem que precisar com o corpo e com alma. "Nunca é alto o preço a pagar pelo privilegio de pertencer a si mesmo". Nietzsche.

RNT: Uma frase
Ingra Liberato:  "É necessário levar em si mesmo um caos, para pôr no mundo uma estrela dançante." Nietzsche

RNT: Você é uma atriz versátil. Qual é o personagem dos sonhos?
Ingra Liberato: Marlo Morgan na experiência relatada por ela em "Mensagem do outro lado do mundo". Estou chegando na idade dela. Tem tambem "A mulher que escreveu a bíblia" de Moacyr Scliar

RNT: A carreira é mais sorte, talento ou técnica?
Ingra Liberato: É trabalho, trabalho e trabalho. Se você tiver a sorte de uma oportunidade e não estiver preparado, a exposição vai "queimar seu filme". Nessa profissão temos que nos dedicar ao máximo sempre e temos que ter aqui dentro alguma coisa para oferecer ao mundo.