Dionísio Neto na Boca de Cena
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O Rio No Teatro pediu para que o ator Dionísio Neto chegasse até o proscênio para falar um pouco sobre sua carreira, sonhos e novidades. Dono de uma voz e  um rosto marcante, Dionísio brilha nos palcos, nas telinhas e telonas. Diretor da Cia. Satélite, o maranhense de São Luis promete aparecer ainda mais no mercado. Saindo das coxias e camarins sua última aparição de destaque na telinha foi na novela " A Favorita" da TV Globo, no cinema atraiu olhares em "Carandiru" e no teatro sua parceria com o autor Walcyr Carrasco tem sido de eterno sucesso. O terceiro sinal foi dado! Com vocês Dionísio Neto!

 

RNT: Como despertou a vontade de seguir a carreira de ator?

 

Dionísio Neto: Eu nasci na frente de um cinema em São Luís do Maranhão e passei a minha infância morando ao lado. Nunca vou me esquecer o fascínio que tive. Acho que foi ali que eu decidi ser ator, querer viver aquilo e proporcionar emoções à platéia. Já na escola eu escrevia, produzia, dirigia e atuava em espetáculos para as aulas de artes, inglês, português, que eram uma sensação... Foi intuitivo mesmo, natural, como jogar futebol. A primeira peça que vi foi aos 15 anos - Eletra Com Creta, do Gerald Thomas, e logo em seguida Paraíso Zona Norte do Nelson Rodrigues por Antunes Filho. Foram duas montagens clássicas do teatro mundial. Assisti na primeira fila, hipnotizado. Depois desses espetáculos eu não tinha mais dúvida que queria ser ator... Anos depois trabalhei com estes diretores e virei ator de cinema, teatro e TV. Eterno Retorno. Maktub.

 

 


RNT: Como foi o inicio da carreira?

 

Dionísio Neto: Profissionalmente eu estreei no Paraguai! (Risos) Fiz parte de uma trupe, a Marinho Piacentini Performance Brasil que viajou com o espetáculo de teatro-dança Comala por alguns países da América Latina por um ano. Foi mágico. Descobri a vida e o teatro nesta viagem fabulosa. Tenho saudades de voltar a viajar com teatro, é um dos maiores prazeres para um ator. Na volta ao Brasil entrei para o CPT - Centro de Pesquisa Teatral de Antunes Filho, em 1992. Abandonei a Faculdade de Letras na USP para me dedicar ao teatro. Foi a minha formação. Depois aos 23 escrevi, produzi, dirigi e atuei na Trilogia do Rebento - Perpétua (que vai virar filme ainda este ano), Opus Profundum e Desembestai! Fomos a principal atração do Festival de Curitiba em 1997, eu saia todos os dias nas capas dos principais jornais do país e até no The New York Times como o infante terrible do teatro brasileiro. Foi intenso, um furacão mesmo. E cá estou até hoje, e espero que até o fim da minha vida também.



RNT: Hoje você tem uma Cia e uma sede em São Paulo. Como você percebe o crescimento do número de grupos e cias no Brasil? Conte um pouco sobre a trajetória do grupo...

 

Dionísio Neto: Sou o diretor artístico da Companhia Satélite desde 1995. Produzimos mais de 15 espetáculos nesses anos. Em 2009 graças a um desejo do meu sócio Fred Fontes e das nossas necessidades, montamos uma sede com recursos próprios e com a ajuda do Fomento para o Teatro da Prefeitura de São Paulo. Nossa sede era linda, intensa e duraram três anos. Hoje não existe mais. Foi uma grande experiência ser dono de teatro, mas hoje abrimos um escritório-produtora que está mais próximo do que necessitamos. Fizemos um espetáculo memorável chamado OS DOIS LADOS DA RUA AUGUSTA, em que transformamos a Rua Augusta em um palco e encenamos dentro e um ônibus de pelúcia Pink que já virou uma lenda urbana. Trabalhamos com atores incríveis e com artistas de outras áreas como Arrigi Barnabé, Reinaldo Lourenço, Alexandre Herchcovitch, e muitos outros. Atualmente estamos produzindo Desamor que Walcyr Carrasco escreveu para mim, Anti-Nelson Rodrigues e uma peça gringa super premiada internacionalmente.



RNT: Dos trabalhos que fez, qual sente mais saudade?


Dionísio Neto: Todos. Mas o primeiro - Perpétua, que vai virar filme, viajou pela Europa e vai ganhar sua primeira edição bilíngüe tinha o frescor do início. Ficamos 10 anos em cartaz. Muitas saudades.

 

 

RNT :Um personagem dos sonhos?

 

Dionísio Neto: MacBeth no sertão.



RNT: Televisão x Teatro, ainda existe um preconceito da classe?

 

Dionísio Neto: Sempre ouvi essa richa no passado, hoje não mais. O teatro é a base do ator, mas no fundo a investigação é a mesma para quem faz teatro, cinema ou televisão. Um ator de teatro pode fazer e muito bem cinema e TV, mas o contrário não é verdadeiro. O teatro é a grande arte do ator, é ao vivo, com o corpo, a alma, o espírito e a voz ali como num show de rock, numa ópera. Nada se iguala. Mas o Brasil é o país da televisão. Infelizmente nunca uma peça de teatro por melhor que ela seja terá o alcance de uma novela por pior que ela seja. É a vida! Mas como eu já ouvi um gênio falar - teatro é teatro, cinema é cinema e televisão é televisão.

 

RNT: Cinema em sua vida...

 

Dionísio Neto: Cinema é uma utopia. Neste ano farei meu primeiro protagonista - em Perpétua - depois de muitas participações (Carandiru, Contra Todos, Garotas do ABC, etc.). Sou louco pelo Marlon Brando, eu comecei a minha carreira imitando, cover mesmo. E também sou adepto do Método. Mas cinema no Brasil ainda não é indústria, ter um grande desempenho em um grande filme de sucesso (o que consagra um ator) é quase como ganhar na loteria. Sig
o tentando.

 

Meu grande desejo como ator de cinema é atuar em um filme do Walter Salles com quem tenho uma grande afinidade e identificação. Certo dia ele me ligou e trabalhamos juntos por 3 horas. Fiz a locução do material de divulgação do filme Linha de Passe e no final expressamos o desejo mútuo de trabalharmos juntos. Espero ansioso por este dia.

 


RNT: Qual o conselho para quem está começando na carreira.

 

Dionísio Neto: Esta profissão é muito instável, é preciso primeiro saber se o sujeito tem, além do talento, vocação. Porque é uma montanha russa dentro de um trem fantasma, em 5 d, tem que saber se divertir com a instabilidade. Fazer um personagem de grande sucesso hoje não é garantia de trabalho amanhã. Temos que lutar todos os dias, recomeçar sempre. E com o passar do tempo (hoje tenho 40 anos) isso é muito ingrato e desgastante. Um ator é um pedreiro, um sacerdote, um monge. A ilusão de que podemos ser rock stars é grande, mas passa. Somos operários dos sentimentos e emoções humanas. Se quem está começando entender isso, siga seu caminho da bem-aventurança, caso contrário, desista enquanto há tempo!

 



RNT: E as novidades para 2012..

 

Dionísio Neto: Fui convidado por Paulo Machline para abrir seu filme TRINTA sobre a vida e obra do Joãosinho Trinta, maranhense como eu. Tenho um belíssimo curto para estrear - Diário de Simonton, e o filme Augustas também. Vou começar a rodar Perpétua e estou produzindo as peças que citei acima. Continuarei fazendo os fatídicos testes, se bem que meus últimos trabalhos foram todos convites. E outras surpresinhas mais que não posso revelar. 



RNT: Uma dica de  um livro

 

Dionísio Neto: "O Mulato",  do meu conterrâneo Aloísio Azevedo que foi escrito no século XVIII e é muito atual, fala sobre racismo.

 

RNT: Uma frase...

 

Dionísio Neto: "Viver é bicho perigoso." - Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas



RNT: Um recado para os leitores do Rio No Teatro

 

Dionísio Neto: Vá ao teatro com toda a sua família! Prestigie o cinema brasileiro e siga o caminho da sua bem-aventurança e me siga no twitter -  @dionisioneto




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