Erom Cordeiro é o nosso entrevistado da semana
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Formado em artes cênicas pela UNIRIO e com mais de 25 espetáculos no currículo, Erom Cordeiro, nosso entrevistado da semana, também vem se destacando na televisão e no cinema. No ar, pela segunda vez, no folhetim “Malhação” da TV Globo e em cartaz no elogiadíssimo “Quem tem medo de Virginia Woolf”, o simpático e irreverente ator de 36 anos recebeu o RIONOTEATRO para um exclusivo bate papo.

 

RNT: Como foi sair de sua cidade natal, Maceió, e vir conquistar sua carreira no Rio de janeiro?

Erom Cordeiro: Eu já fazia teatro em Maceió desde 92, aos 15, quando entrei no Curso Técnico da Universidade Federal de Alagoas e estreei em 93, na Companhia Comédia Alagoense a peça “O Despertar Da Primavera”. A partir daí resolvi continuar os estudos na UniRio (Universidade do Rio De Janeiro) em 95. A faculdade, então, foi muito importante pois foi onde, além de praticamente passar o dia enfurnado lá, estudando, ensaiando, comecei a conhecer uma turma que já estava colocando os pés fora do universo acadêmico e se aventurando no mercado de trabalho. Isso tudo eu era muito garoto, entrei lá com 17 anos, e tentava absorver tantas informações muito rapidamente. Muita ralação e saudades da família.

 

RNT:: Você vem de uma formação teatral. Fale um pouco sobre a transição para o audiovisual e quais foram suas maiores dificuldades?

Erom Cordeiro: Em 1997 fiz a Oficina de Atores da Globo e ali entrei em contato, pela primeira vez, com esse universo de câmera, estúdio e etc. O teatro sempre esteve presente e a televisão e  o cinema começaram a aparecer aos poucos na minha vida desde então. Na faculdade tínhamos uma matéria de realismo/naturalismo, que foi bastante útil quando comecei a trabalhar em tv, além das aulas da Oficina. Eu acho que sofria demasiado, nessa época, pra entrar em cena, fosse no teatro ou na tv. Aos poucos, essa quantidade de informação vindas da Academia e/ou dos cursos que você faz, vai se depurando e clareando com a prática.
 

Uma vez, (fazendo uma pequena participação num filme) conversando com o grande Walmor Chagas,  ele me disse: “Rapaz, em todo curso, universidade deveria ter, do início ao fim,  Relaxamento/Simplicidade I, II, III, IV, V... Se, por mais tenso que a cena tenha que ser, você estiver sem tensões desnecessárias/pre-existentes e estiver com objetivos simples, a cena acontece e a comunicação se dá." Até hoje persigo isso.

 

RNT:: Diversos elogios vem sendo feito, em relação ao seu trabalho. Existe alguma técnica especifica que você segue e qual seria seu conselho/dica para os novos atores?

Erom Cordeiro: Não sigo nenhuma técnica específica. Cada trabalho traz um universo e vou pro jogo sem julgar, pra errar, pra ESTAR, não pra SER o personagem (como o Mestre Amir Haddad sempre fala), de acordo com o que o personagem, a história pedem. E o conselho... acho que qualquer profissional, em qualquer ofício, tem que estudar, se aprofundar. Com o Ator não pode ser diferente. Assim como o médico, o engenheiro, o advogado, o músico e etc. O ator tem que saber de onde vieram os fundamentos, os pensamentos da Arte Dramática, temos mais de 2000 anos de História, de ofício, desde  o Século V a.C. Não é pouca coisa! Eu acho extremamente fascinante querer saber como pensavam os autores, dramaturgos, teóricos. E isso tudo é anterior ao Cinema, ao Rádio e a TV e continua sendo produzido. Claro que existem grandes atores, gênios autodidatas, totalmente empíricos. Mas acho, que no geral, tem que ser curioso, ler, estudar, ver cinema bom, exercitar a sensibilidade.  Ela é nosso bisturi, régua,  partitura.

 

RNT:: Você se considera um ator completo? Qual seria o ápice da sua carreira como artista?

Erom Cordeiro: Claro que não, se se sentir completo, se aposenta e vai fazer outra coisa. Acredito que vamos nos aperfeiçoando com o tempo. Não tem isso de ápice. O melhor trabalho tem sempre que ser o próximo. E os fracassos sãos valiosíssimos.

 

RNT:: “Quem tem medo de Virginia Woolf?”, escrita por Edward Albee, é considerada uma obra prima da dramaturgia contemporânea e, fazendo uma alusão a canção infantil “Quem tem medo do lobo-mau?”, retrata o pânico das pessoas em viver uma vida de ilusões. Qual vem sendo o seu maior desafio ao interpretar o seu personagem em um grandioso projeto como esse?  

Erom Cordeiro: A peça, mesmo depois de estar há 6 meses em cartaz, desafia, te coloca em risco sempre. Quando acho que conquistei algo, que compreendi tal fala, tal cena, já desaprendi outra (e acho que vai ser assim até o fim). Albee constrói uma teia emaranhada nessa “festa”, nessa jornada madrugada adentro. E a escuta, como em qualquer trabalho, tem que estar alerta, aberta e atenta o tempo todo. Os personagens são vis e geniais ao mesmo tempo, com “curvas’ inesperadas. Verdade e Ilusão se misturam o tempo todo. Vem sendo um trabalho de imenso prazer e aprendizado.

 

RNT:: Muita gente vem questionando a falta de qualidade em vários projetos no mercado brasileiro. Na sua opinião, o que está em falta nas produções realizadas no Brasil?

Erom Cordeiro: Vejo muita gente interessante fazendo grandes trabalhos. Muitas vezes não vistos pelo grande público. Acho que os meios para se produzir  uma peça e/ou manter companhias, espetáculos em cartaz é muito ingrato. Trabalho de continuidade é uma guerrilha pra manter. Já fiz parte de companhia e sei a lenha que é.  Acho que tem que ter espaço pra tudo.


Fundamentalmente um país que não dá o devido valor à Educação, como vai formar cidadãos interessados em Cultura, em ir ao Teatro? A gente quase não vê o público se renovar. É basicamente o mesmo público de 10, 20 anos atrás, com poucas exceções ou a própria Classe Artística que se assiste.

 

RNT:: Analisando sua carreira e histórico, percebemos que você é uma pessoa bastante politizada. Qual sua opinião sobre atual momento  político vivido pelo país? Qual sua visão diante as diferentes manifestações ocorridas desde 2013?

Erom Cordeiro: Não acho que sou politizado o bastante, fico aquém do que poderia/deveria ser. Estamos em um momento muito perigoso em que nada parece ser o que é. Nem situação, nem oposição. Acho que o Governo do PT trouxe inúmeros benefícios pro país, resgantando uma dívida histórica com grande parte miserável do povo mas a máquina veio infectada com muito do que já existia antes. Tem que se dar passos adiante. Há um desmantelo entre discurso e prática em todos os lados. É hilário ver políticos de ambos os lados tentando ser os baluartes da dignidade e da ética, é quase a disputa do, a grosso modo, “você é pior do que eu”.


Participei de umas 4 manifestações ano passado e houve uma forte tentativa de demonização dos movimentos. Pra toda ação, há a reação. Vi nas primeiras, como o pânico dos Governos de  perder o controle, levou a Polícia a agir de forma truculenta contra várias situações totalmente pacíficas. Fugi correndo pela Cinelândia, Lapa, Glória de Bomba de gás, gás de pimenta e de porrada. Eu e muita gente que, pacificamente,  estava apenas exercendo o direito de ter voz. Daí à ter uma reação violenta de alguns setores, foi um estalo. A situação não foi tão simples... não concordo com violência, de nenhum lado. Mas não é nada agradável ver uma bomba daquelas quase bater em criança, idoso ou em qualquer cidadão por, simplesmente, estar em uma manifestação. Tá errado isso! Teve bomba da Polícia dentro de hospital aqui no Rio, assim como teve pedrada de Black Bloc em  vidraça de teatro alugado na Augusta em São Paulo, barbárie total. Complexo entender esse momento todo.

 

RNT:: No ano passado, você foi convidado para diversas produções no teatro, cinema e tv.  O que podemos esperar para 2014, quais são seus próximos projetos?

Erom Cordeiro: “Quem Tem Medo De Virginia Woolf?” encerra essa semana a temporada no Rio e segue para  o Festival De Curtiba e, depois, entra em cartaz em São Paulo. Acabo a temporada de “Malhação” na televisão, depois de um ano, em junho. Tenho um projeto junto ao Rafael Primot que está pra sair durante a semana, pra ontem, “O Livro Dos Monstros Guardados”. “Um Filme Frânces”, longa de Cavi Borges, feito na guerrilha, sem patrocínio nenhum, deve ser lançado ano que vem. E fiz parte de alguns curtas como “Cinzas e Café”de Daniel Gravelli. Pra 2014 vem um longa que vou ter grande prazer em fazer.

 

RNT:: Além de “Quem tem medo de Virginia Woolf”, em cartaz no Teatro dos 4, na Gávea, qual peça você indicaria para o público carioca?

Erom Cordeiro: “Conselho De Classe”, de Jô Bilac, da Cia Dos Atores; “A Porta Da Frente”, de Juia Spadaccini, da Cia Casa de Jorge; “Oleanna”, de David Mamet, Da Cia Teatro Epigenia.
 

Por Daniel Gravelli




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