A Voz do Partido Alto

 

 

O espetáculo ‘Clementina, cadê você?’ encerrou no domingo passado sua temporada no Teatro João Caetano. O mesmo conta a estória de Clementina de Jesus, famosa sambista de voz única, que foi descoberta aos 63 anos. Contada e cantada de forma não linear a estória de Clementina é agraciada pelo público.

 

O espetáculo estreou em 2013 no Teatro Laura Alvin, teve duas indicações a prêmio pela revista eletrônica Questão de Crítica: Melhor Atriz (Ana Carbatti) e Iluminação (Renato Machado) e além disso, o mesmo estava na lista dos 10 melhores espetáculos de 2013 organizada pelo critico Daniel Schenker.

Quando o espetáculo começa você tem a sensação de que chegou em um encontro de sambistas sem ser convidado e no qual não conhece ninguém. Seis atores e uma atriz, cantam e tocam instrumentos de forma descontraída. No cenário apenas uma mesa, luzes penduradas, bancos que no decorrer do espetáculo vão ganhado espaço como objeto de cena agregando uma construção imaginaria de cenário e intenção interpretativa.

 

A atriz Ana Carbatti é quem interpreta Clementina de Jesus, é a mesma que nos introduz a estória que será apresentada, sua infância, como conheceu seu amor, que era alguns anos mais novo, sua ligação com o samba e sua fé. Ao contrário do que muitos esperam, ela não ‘incorpora’ a Clementina, mas de forma singela interpreta a nos faz enxerga-la através de gestos e posturas, além de uma construção narrativa brilhantemente feita por Pedro Murad.

Diferente de Cazuza e Elis, que parecem estar vivos diante de nossos olhos Ana Carbatti, nos delicia com uma Clementina nova, e nos relembra com graça o quão ela era uma mulher forte, alegre e as vezes ingênua.

Os atores/músicos/cantores, vamos chamar assim, interpretados por Bruno Barreto, Bruno Quixotte, Pedro Miranda, Sergio Kauffmann, Vidal Assis e Wendell Bendelack ajudam a construir a estória. Eles interpretam os ‘filhos’ da Mãe Quelé, mulheres das rodas de samba e o grande amor de Clementina. Cada um em seu momento.

Não podemos deixar de notar o toque, mais do que bem dado, da diretora Duda Maia que conseguiu fazer com que os atores não simplesmente interpretem, mas sintam. Sintam a energia do palco e das musicas cantadas e tocadas por eles. Uma direção sutil, de forma que torna o espetáculo uma sinfonia leve e gostosa para ser ouvida, vista e vivenciada.

A Direção Musical de Pedro Miranda foi bem realizada, as musicas foram escolhidas com maestria, fazendo com que nos envolvêssemos na narrativa, nas brincadeiras e no drama da vida de Clementina.

A Iluminação de Renato Machado com uma indicação mais do que merecida é uma referencia mais do que estética de como a luz pode contar uma estória, expor um sentimento, um momento de alegria e/ou de dor.

 

É possível considerar ‘Clementina, cadê você?’ um espetáculo intimista, tão sutil que o publico se sente atraído e próximo da estória e o Teatro João Caetano não favoreceu quanto a isso. O som estava um pouco falho em alguns momentos, e por o teatro ser grande e possuir uma acústica fraca, prejudica um pouco o espetáculo nos quesitos técnicos.  
 

O que se pode esperar é a apresentação de um espetáculo vivo, leve e com uma simpatia estampada que vai fazer você cantar baixinho junto com a musica, sorrir e se emocionar com a estória da negra, humilde, alegre, trabalhadora e única Clementina de Jesus.

 

Peça: Clementina, Cadê Você?
Temporada : 31 de Janeiro à 23 de Fevereiro de 2014 no Teatro João Caetano
Por: Paulo Oliveira

 

* Independente das críticas profissionais, sugerimos que assista aos espetáculos e faça suas próprias críticas.
* Acesse a e veja também a opinião do público geral nos comentários.

 

 

 

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