Musical "Na Rotina dos Bares" com entrada franca

Inventário da boemia artística e intelectual carioca, musical Na rotina dos bares reestreia no Rio. De graça!

Sucesso de crítica e público, Na rotina dos bares, texto de Marcos França e direção de Ana Paula Abreu, reestreia de graça dia 16 de junho, às 20h, no teatro do Espaço Cultural Eletrobras Furnas, em Botafogo. O musical apresenta 25 canções numa saborosa travessia por quatro décadas da boemia carioca, passeando por histórias que envolvem Noel Rosa, Aracy de Almeida, Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Miéle e muitos outros num poética viagem pela vida e obra da nata da música brasileira.

Estão no repertório clássicos como Conversa de Botequim (Noel Rosa e Vadico), Memórias do Café Nice (Artúlio Reis e Monalisa), Camisa Listada (Assis Valente) e muitas outras dignas do melhor das noites cariocas. O elenco, que tem como timoneiro o consagrado Antonio Pedro Borges, conta também com Marcos França, Édio Nunes, Letícia Medella e Sheila Matos. Sempre com entrada é franca, as sessões acontecerão aos sábados e domingos até 1º de julho.

Na rotina dos bares começa mostrando Chico (Antonio Pedro Borges), boêmio das antigas, chorando as mágoas com a amiga Lola (Sheila Matos). A bordo de um copo de uísque, o malandro deita pranto, em pleno ano de 1976, porque o Lamas está prestes a fechar suas portas para abrir alas ao Metrô no Largo do Machado. O fim daquele nobre ponto – depois o Lamas se mudaria para outro endereço, onde está até hoje, no Flamengo – é a deixa para, entre um gole e outro, o personagem puxar um nobre fio da memória. Além do repertório luxuoso, Na rotina dos bares rememora nobres estabelecimentos boêmios, como o Cassino da Urca, Casa Vilariño, Cabaré Apolo, Bar Veloso e Beco das Garrafas, que reuniu farto patrimônio artístico e intelectual do Rio de outrora.

Um dos achados da montagem é o fato de Chico reviver passagens espetaculares, dizendo-se testemunha ocular de cada uma delas. Há desde o último Carnaval em que brincou ao lado de Noel Rosa até o fato de ter sugerido ao poetinha Vinícius uma melhor composição para Garota de Ipanema. Tudo com humor de sobra, é claro.

"Chico nos convida a passear pela rotina dos bares do Rio antigo. Com ele sentamos a mesa de grandes personagens da historia do Rio de Janeiro. Bebemos e vivenciamos a noite com todos eles. Com ele vaiamos a Carmen, escrevemos na parede da Casa Vilariño, criamos com Vinícius, Cantamos com Aracy e Maria, jogamos na roleta do Cassino da Urca, curtimos uma fossa nas boates de Copacabana. Com ele viajamos através da história da boemia carioca e participamos ativamente dela. Nós estávamos lá, Senhores!", destaca com bom humor a diretora Ana Paula Abreu.

No palco, três músicos tocam ao vivo para a interpretação das 25 canções sob a direção musical de Fábio Nin com cenários de Nello Marrese, iluminação de Aurélio de Simoni e figurinos de Cláudio Serra. Para a realização da pesquisa, Marcos França contou com a colaboração do pesquisador Lauro Gomes, com quem listou 62 canções que falam de bares.  Dessa lista foram aproveitadas 10 canções para o espetáculo e mais 15 foram acrescentadas. “Sou um apaixonado pelo Rio Antigo, sempre brinco dizendo que tinha que ter nascido nos anos 1930 para ter 20 e poucos anos na década de 1950. A boemia da Lapa antiga, por exemplo, é fascinante, palco de um submundo romântico que me inspira bastante. Na rotina dos bares busca ser um musical legitimamente carioca, leve, bem-humorado e bem cantado”, conta Marcos França.