Aquela Companhia de Teatro leva para o palco do Galpão Gamboa o espetáculo "Cara de Cavalo", inspirado na história do bandido que lhe empresta o título e no cerco policial que redundou em sua execução com mais de cem tiros em Cabo Frio, em 1964. A montagem tem apresentações nos dias 22 e 23 de fevereiro (sexta e sábado), como parte do projeto artístico Gamboavista 2.
Destaque de uma série de reportagens no jornal Última Hora, eternizado como mártir por Hélio Oiticica através do B33 bólide caixa 18 e posteriormente do estandarte com a frase "Seja Marginal, seja herói", personagem de Zuenir Ventura em Cidade Partida, Cara de Cavalo marcou, com sua emblemática trajetória, toda uma geração.
A ideia de montar o espetáculo surgiu através do olhar da dupla formada pelo diretor Marco André Nunes e o jovem dramaturgo Pedro Kosovski, que viam o modo como o jornalismo da época tratou o caso, o tom muitas vezes sensacionalista, os argumentos passionais no debate acerca de sua perseguição, o ambiente e os personagens descritos nas reportagens absolutamente rodrigueanos.
"Cara de Cavalo" não tem característica de uma peça-documentário, contemplado com o Prêmio FUNARTE Myriam Muniz de Montagem Cênica 2011, o espetáculo lança mão de uma base documental para compor uma ficção. Como em uma investigação policial, as referências somadas - o bólide de Oiticica, a história pessoal de um malandro alçado à categoria de inimigo número um da cidade, o ambiente passional de um jornalismo romântico, o ano marcante de 1964, as rodas de samba, as bancas de jogo de bicho e a perseguição policial - serviram de pistas para destrinchar o enredo ficcional desta "fábula policial tipicamente carioca".
A trama se passa em quatro planos: o Morro do Esqueleto, comunidade onde se forja Cara de Cavalo - um bandido sem maiores ambições, que vive da exploração de putas e de bancas do bicho; os bastidores da polícia na condução do caso, após o assassinato do investigador LeCoq (o nosso Detetive Galo); a gravação de uma entrevista com o último dos "Homens de Ouro", conduzida em 2012 pela âncora de um programa semanal de telejornalismo; e projeções em vídeo que misturam ficção e realidade.
Na montagem, Aquela Companhia de Teatro coloca em campo a mesma equipe de criação que imprimiu no premiado "Outside, um Musical Noir" (2011). O elenco é formado por Ricardo Kosovski (O Entrevistado), Saulo Rodrigues (Delegado Cunha), Oscar Saraiva (Amado Ribeiro), Carolina Chalita (Mangueirinha), Raquel Villar (A Entrevistadora), Remo Trajano (Cara de Cavalo) e Álvaro Diniz (Detetive Galo). Em cena, também participam os músicos Felipe Storino (violão e pedais) e Maurício Chiari (bateria, percussão e efeitos). A cenografia, inspirada na estética de Hélio Oiticica, e o figurino, onde predominam o jeans e variações de vermelho, são assinados por Flávio Graff. Márcia Rubin faz a direção de movimento e Renato Machado a iluminação.
SERVIÇO
Datas: 22 e 23 de fevereiro (sexta e sábado)
Horários: sexta, às 21h e sábado, às 20h
Local: Galpão Gamboa - Teatro
Capacidade: 80 lugares
Endereço: Rua da Gamboa, 279 - Centro - RJ
Telefone: (21) 2516-5929
Classificação etária: 16 anos
Duração: 90 minutos
Ingressos: R$20 (inteira) / R$10 (meia) para estudantes e idosos/ R$5 para moradores dos bairros da Zona Portuária apresentando comprovante de residência.