Por Alessandro Moura
Rússia, Alemanha, França e aos seis anos de idade o Brasil. Uma mulher conhecida pela personalidade, maquiagem, figurinos exuberantes, pelo humor, pelos inúmeros estilos de cabelo e por fazer parte da história das artes do país. Elke Maravilha é atriz, intérprete musical, apresentadora e modelo. Precursora de um estilo inovador, ousado e único, vem abrindo as possibilidades de caminho estético e comportamental por onde passa e aparece. Elke é uma personalidade artística cujo carisma provoca forte impacto popular, tanto na imagem como na mensagem de alegria, inteligência e irreverência. E foi assim, com um clima de muita descontração que conversamos com a personagem da semana. Entre um compromisso e outro a artista abriu espaço para um bate papo com o Rio no Teatro.
Elke começou sua carreira de modelo com 24 anos de idade. A atriz revela que a vida para ela passa como se fosse uma grande festa: “Nunca fui eu que escolhi o que queria ser... As pessoas me colocaram para ser professora. Tá bom. Me colocaram para ser bancária. Tá bom. Fui bibliotecária e foi ótimo. Me botaram para ser secretária trilingue e foi ótimo. Fui jogada para ser modelo. Fui pega no laço. Eu posso dizer que a vida para mim sempre pareceu uma festa. Passava o garçon e eu podia escolher qual salgadinho eu iria pegar. Tinha coxinha, enroladinho, quibes... E é incrível que quando eu escolhia...eu escolhia errado. Veja bem criança, quando eu fiz medicina, eu fiz errado. Eu fiz letras clássicas por três anos, fiz filosofia e acertei, mas definitivamente medicina não era para mim. Meus amigos foram todos fazer medicina e eles falaram que eu não podia. Eu logo disse que podia . Me inscrevi e passei. Mas na aula de anatomia eu olhava o corpo e o professor falava: - Essa peça. Eu logo retrucava que aquilo não era uma peça e sim uma perna (risos). O fato é que quando escolhiam para mim...escolhiam certo...tudo foi legal!”
Mas é fato que a carreira de Elke foi acontecendo naturalmente, graças a muitos amigos e admiradores de seu jeito diferente de ser. Um convite puxava o outro e assim nasceu a personalidade Elke Maravilha.
“Foi o meu primeiro marido “O Grego” que escolheu que eu deveria ser modelo. Eu vou te falar... eu não queria. Ele dizia que eu seria conhecida por ser a modelo do Brasil. De fato eu fui a modelo do Brasil.
Sabe que logo depois me ligaram para ser jurado do programa do Chacrinha. Eu nunca tinha visto televisão. O meu pai não deixava. Hoje assisto televisão o tempo todo. (risos). Eu já sabia quem era o Chacrinha por conta do fenômeno de comunicação que ele era. Eu tinha lido muito a respeito dele. Quem deu a ideia foi Haroldo Costa e o próprio Chacrinha: eu logo aceitei. Mas confesso que pensei: O que eu faço agora? Eu nunca assisti um programa do Chacrinha. Falei com um amigo que disse: Pode ir que será divertido. Você só tem que julgar os calouros, dizer quem vai pro trono ou não vai. Ai perguntei: Onde arrumo uma buzina?
Ele disse que um amigo dele havia trazido uma da Índia. Peguei emprestada e me colocaram lado a lado com o Pedro de Lara. O que foi uma delicia. Naquele mesmo ano eu fui para o cinema e depois para o teatro.”
Com uma história intensa e de muito trabalho, a pergunta não poderia ser outra: Elke você se considera uma mulher de sorte? “Eu sempre fui uma mulher de sorte. Tenho muitos amigos. A sorte de um ser humano são seus amigos. Uma vez, criança eu fui a uma cartomante e ela me disse: Por Deus...você tem gente que mata ou morre por você! Eu nunca vi isso em toda a minha vida de cartomante.O fato é que nem nos momentos de profunda pindaíba meus amigos nunca me abandonaram, nem mesmo meu marido 25 anos mais jovem que eu.”
Já o visual irreverente a modelo afirma que sempre teve um gosto peculiar e que tudo faz parte de seu gosto pessoal. “Desde pequena eu era muito diferente. Só que a gente não tinha dinheiro nenhum. Meu pai sempre percebia que eu gostava de coisas diferentes e me comprava uns broches no mascate. Quando eu era pequena fui criada entre negros. Eu ficava maravilhada quando as meninas soltavam suas tranças...cabelos imensos. Lindos. Eu adorava o cabelo delas... Adoro a estética negra. Enrolava meu cabelo com permanente... eu sempre gostei de tudo demais. É cabelo demais. Maquiagem demais. Por isso os gays gostam tanto de mim. Eu sempre fui meio diferente! (risos).”
Quanto aos espetáculos de teatro a atriz teve a oportunidade de trabalhar com renomados nomes do cenário nacional.
“Eu fiz peças maravilhosas. Me lembro muito de “Viva o Cordão Encarnado” de Luiz Mendonça sobre o folclore nordestino. Também trabalhei com Luis Carlos Ripper e foi maravilhoso. Eu fazia Dona Inês de Castro...um clássico de um português arcaico. Era lindo...lindo...”
Agora vem a dúvida e a pergunta que não é apenas deste repórter. Será que Elke é uma personagem? “Muita gente acha que a Elke é uma personagem. Deixem achar... Tirar minha produção é o mesmo que tirar minha calcinha. O que acharem de mim está bom! Já acharam tanta coisa de mim...Tudo está bom.
Há dois anos eu fiz uma novela na Record em que eu vivia uma russa velha e louca. Fiz agora um comercial de óculos que está sendo muito visto na internet. Eu não gosto de tirar a peruca e usar meu cabelo, mas pro personagem eu tiro. É ótimo fazer uma coisa que não seja eu, mas não gosto do meu cabelo. Não me vejo sem o meu jeito de ser.”
“Eu nasci como nasci. Meus pais me pariram e os deuses deram a contribuição.”
Elke Maravilha
Com um discurso bem articulado, Elke domina oito idiomas: alemão, italiano, espanhol, russo, francês, inglês, grego e latim. Entre uma risada e outra Elke conta que tem aflição de quem não tem vontade e não quer aprender,
“Deus errou na mão com a gente, tem muita gente pretensiosa. Nos somos todos macacos pelados, feios. Sou bonita em termos de gente, mas é muito mais bonito uma manada de zebras do que uma multidão de gente. Nos temos que dar um jeito de melhorar dentro e fora. Eu preciso de filosofia e também de poesia. É por isso que fico sempre me aprofundando em poesias e textos.”
Quando peço um conselho para quem está ingressando na carreira artística ela é clara e objetiva: “Criança eu não dou conselho. Eu não quis ter filho porque não sei educar. Mas para entrar no teatro e nas artes tem que gostar de gente. Se você não gosta de gente vá trabalhar com um trator.”
Para quem quer saber o que Elke está fazendo, saiba que a apresentadora tem um cotidiano corrido. “Estou com um projeto que continua rodando os palcos do país “Elke do Sagrado ao Profano”. Começo ainda este mês a filmar o longa “Mato sem Cachorro” onde eu faço uma velha dona de um casarão. Provavelmente ninguém vai me reconhecer. A direção é de Pedro Amorim.”
Para os fãs do Rio No Teatro, Elke manda um recado: Não tenham juízo. Não se comportem, mas se cuidem!
Bate Bola:
Seus amores: Brasil, Grécia, a raça negra e a parte verdadeira da humanidade que ela conhece não por ler livros, mas por ler pessoas com as quais partilha uma de suas máximas: Mais importante do que viver é conviver!
Suas revoltas: Falta de caráter e mesquinharia!
Elke x Elke: Ela ainda não sabe o que quer ser quando crescer, mas sabe que o que a natureza determinou está bem feito, que a moral não está no meio das pernas, que o grande barato é não sofrer com o sofrimento e principalmente Eros Anicate Mahan que em grego significa "o amor é invencível nas batalhas".