O Rio No Teatro abre as cortinas do mês de outubro com uma das artistas brasileiras mais reconhecidas no cenário internacional. Conhecida das telas e dos palcos nossa entrevistada da semana é conhecida também pela personalidade forte e pelo carisma sem igual. É fato que nossa personagem sempre será lembrada por ter protagonizado a novela “Escrava Isaura”, mas o que mais impressiona é o quanto Lucélia Santos instiga e se mostra politizada e artista. Quantas Lucélias existem em Lucélia Santos? Quantas mulheres? Quantas histórias?
Nascida em Santo André (SP) Lucélia começou cedo e a inspiração veio com a atriz Marília Pera. “Descobri que queria ser atriz assistindo teatro em São Paulo no SESC Anchieta. Eu fui ver a Marilia Pera interpretendo “A Moreninha”, eu devia ter uns treze anos... não mais que isso.”, conta Lucélia.
A família desde cedo apoiou a vontade que nossa personagem tinha de seguir carreira. A aceitação foi clara e a aprovação foi muito importante para o processo de formação artística da atriz que instiga seu público com montagens incríveis que percorrem o Brasil.
Quando questionada sobre o que ainda tem vontade de gritar, a atriz é pontual. “Tem muitas coisas que eu tenho vontade de gritar, mas os veículos de comunicação são cada vez mais desconectados com a arte. Minha expressão é artística e o mundo está virando meramente uma sociedade de consumo... Tô fora...” revela Lucélia Santos.
Sobre a comédia em sua vida, a atriz diz que anda preferindo os dramas. “Quase nunca leio uma boa comédia muito difícil, geralmente o drama acerta mais... tenho lido centenas de comédias que me enviam, nenhuma é boa...”.
Apesar de ser lembrada pelo público por sua “Escrava Isaura”, Lucélia conta que não sente saudade de nenhuma de suas personagens... “Todos os personagens que interpretei marcaram minha carreira e minha vida exatamente por estar ali presente e entregue a ele naquele momento em que o encarnei. Isso é tudo... viver o momento presente tem muito poder...experimente!”, indica.
Quando o tema é a realidade teatral de hoje não existe como deixar de lado a comparação entre Rio de Janeiro e São Paulo. “Em São Paulo existem vários teatros diferentes e isso me agrada, experimentação, clássicos, comédias comerciais, musicais, tudo tudo tudo e tudo funciona , parece que o público gosta, vai, procura.... O Rio é muito pequeno em relação ao teatro paulistano, sempre foi. Poucas salas, poucas possibilidades, bem mais restrito.Por isso tenho andado tanto por lá... Temos também uma safra de novos autores mas isso que existe deveria ser multiplicado por dez, por cem....”
“A política social do Brasil hoje é consumir...” Lucélia Santos
Com o ator cada vez mais mercado e menos artista colocamos em pauta o fazer artístico e a realidade midiática da televisão que tem transformado todos os dias celebridades em atores.
“O fazer artístico não existe mais, porque tudo está baseado em deslumbramento e celebração da condição de estar deslumbrado. Temos poucos artistas agora, mas muitas celebridades...”.
Bate bola com Lucélia Santos
RNT: Uma frase:
Lucélia Santos: GREAT SPIRITS HAVE ALWAYS ENCOUNTERED VIOLENT OPPOSITION FROM MEDIOCRE MINDS- Albert Eistein
RNT:Qual a dica para quem está começand a carreira?
Lucélia Santos: "Leia muito os grandes da literatura, os clássicos, deixa de ser babaca e de se contentar com "o botão perdido" procure " o amor perdido" ".
RNT: Um recado para seus fãs aqui do Rio No Teatro!
Lucélia Santos: Venham me ver em "A Falecida" de Nelson Rodrigues ate dois de dezembro em São Paulo no Teatro do SESI, linda montagem, projeto super sério do SESI. Recomendo e adoraria que me vissem na pele de Zulmira! Não sei se a peça virá para o Rio, não é minha a produção, senão certamente viria (risos).