A atriz paulista, Renata Guida, hoje residente no Rio de Janeiro, é a nossa entrevistada da semana. Linda, carismática e, claro, talentosa, Renata tem diversos trabalhos nos palcos, na tv e no cinema. Ela conta um pouco sobre a sua vida, carreira e seu incrível personagem em JIM.

RNT: Como começou a se interessar pela arte da interpretação? Por que ser atriz?

Renata Guida - Foi meio por acaso, não tenho artistas na família, aos 15 anos comecei a fazer teatro no Teatro-Escola Célia Helena em São Paulo. Comecei pra passar o tempo e logo me apaixonei. Hoje ser atriz não é mais escolha, é necessidade. É uma carreira muito instável e por vezes pensei em parar e partir pra outra, mas já aceitei que meu coração está em atuar!

RNT - Com vários trabalhos nos palcos e em frente às câmeras, tanto no cinema quanto na tv, qual foi ou quais foram seus maiores desafios? 

Renata Guida - Cada trabalho é um desafio diferente. Cada personagem é um infinito de possibilidades e os meios para se aproximar deles nem sempre são fáceis. Acabei de fazer um filme chamado Verão Polonês, com direção do André Mielnik, onde vivo Agnieszka, uma garota polonesa que vem ao Brasil pra ter um encontro com seu pai brasileiro que ela nunca conheceu. Fiz um mergulho na cultura polonesa e inclusive aulas de polonês e exercitei o olhar estrangeiro na cidade onde moro. Precisei ver o Rio de Janeiro com olhos de novidade! Encontrar novidades e frescor como um estrangeiro encontraria. Fazer a Rita Lee no filme "Tim Maia", dirigido pelo Mauro Lima, que estreia em agosto também foi delicado. A Rita existe e significa muita coisa pra milhares de fãs. Eu mesma sempre fui muito fã dela. É preciso dosar com sabedoria quanta liberdade eu posso ter na criação, e o quão fiel preciso ser à figura real dela na época retratada no filme.

RNT - Na peça JIM você faz uma personagem que pode ser considerada a ‘Pamela Courson’ do João Mota, personagem do Eriberto. Como foi essa construção?

Renata Guida - A personagem no texto de "JIM" chama-se Anima que é entendida como uma força feminina. Ela não se define propriamente como a Pamela Courson, mas como uma força que vibra pela vida, que está lá com uma função quase retórica de contra argumentar os pontos de vista destrutivos do João Mota. Ela é misteriosa, pode ser um anjo, demônio, mãe, e certamente a Pamela. Lidar com um personagem que não se define é complexo. O diretor Paulo de Moraes tem um talento absurdo e me deu muita segurança nas tentativas dos caminhos pra essa personagem. Foi um encontro muito feliz. Sou fã do trabalho do Paulo.

RNT - O Jim Morison tinha uma visão muito especifica sobre o mundo. Você acha que a Pamela partilhava essa opinião? E qual a sua opinião sobre o mundo?

Renata Guida - A Pamela era uma garota que estudava artes em Los Angeles quando conheceu o Jim, como foi sua grande companheira acredito que de algum modo ela compartilhava da visão de mundo dele e o apoiava, apesar das brigas constantes do casal. Eu Renata, acho que o mundo seria definitivamente melhor se aprendêssemos a ser mais generosos. Entender o significado e a importância do compartilhar em todas as instâncias. Acho triste essa cultura de se tirar vantagem de tudo e de todos, perdemos muita energia e tempo com isso. Ser generoso é mais simples.

RNT - Devido as gravações do filme 'Verão Polonês' foi substituída pela atriz Flavia Milioni. Como se sente depois de uma longa temporada de sucesso nos palcos?

Renata Guida - Fazer teatro com casa cheia e público feliz é altamente gratificante. O teatro é a casa do ator, e quando a repercussão é boa, fica uma casa mais linda ainda. 

RNT - Você volta para JIM ou tem outros trabalhos no caminho?

Renata Guida - Encerramos Jim no Rio de Janeiro com a temporada popular no Carlos Gomes, no dia 27. Faremos em seguida duas semanas em Brasília e retomamos a peça em Outubro, provavelmente em São Paulo. Nesse intervalo vou fazer uma peça do Ibsen, dramaturgo que admiro demais e tenho também alguns outros projetos, mas volto pro JIM, sim!

RNT - Na vida pessoal, O que a Renata deseja e ainda não consegui realizar? 

Renata Guida - Tantas coisas! Sou muito grata por tudo na minha vida, mas quero muito a casa própria e viajar pra tantos lugares que ainda não viajei. Interpretar e viajar são minha felicidade.

RNT - Existe uma personalidade que você admira e se espelha?

Renata Guida - A atriz e diretora Liv Ullmann, Isabelle Huppert, o diretor Peter Brook, Cláudia Abreu e tantos outros.

RNT - Qual a dica que você dá aos novos atores?

Renata Guida - Aprenda a conviver e a crescer com a instabilidade e a vulnerabilidade. Ambos acompanham a carreira de todo artista.

Texto e entrevista: Paulo Oliveira