CRÍTICA | As Mulheres da Rua 23

As Mulheres da Rua 23

 

Influência do Teatro do Absurdo

 

O clima de mistério começa antes mesmo do palco ser revelado, quando o gelo seco escapa para a plateia. Um banco de praça e um poste de luz aguçam a curiosidade do público que acompanha a entrada de Léo Campos e Leandro Bertholini. As personagens vão se revelando aos poucos e no decorrer do espetáculo se torna cada vez mais crível a existência de ambas.

 

A comédia tem o tom e a medida exata. Os atores trabalham momentos de silêncio e contenção com maestria. A composição das personagens é uma citação à parte. Os atores tem um trabalho de voz e de corpo que passam longe dos estereótipos do besteirol, já conhecido. Em nenhum momento possuem a intenção do riso fácil e estão com a plateia nas mãos. Sem nomes definidos suas personagens contam segredos e outras tantas histórias na Rua 23.

 

Brincando com a “mulher de época” parece que os atores estão em um espaço entre um entre o passado e o presente. Assim a construção de Léo Campos e Leandro Bertholini pode ficar ainda mais rica.

 

O texto de Leandro Bertholini e Raphael Miguel é uma grata surpresa, ainda mais se tratando de dois jovens autores. A tensão da mulher que entrega pílulas de veneno, as personagens que se apresentam por nomes diferentes à cada dia, a loucura que vai aparecendo aos poucos, a paixão e morte de seus maridos. Enfim, onde estariam essas mulheres? Qual o mistério que estaria unindo as personagens?  Perguntas que o texto provoca a cada instante com humor e ironia sem perder o jogo cômico. O que mais surpreende são as respostas.

 

A cenografia é extremamente usual. O banco e até mesmo o poste onde se delimita o espaço cênico. A iluminação auxilia o desenrolar das cenas, dando o clima necessário. Quando o assunto é figurino, um caso à parte. Os vestidos de época foram muito bem pesquisados e determinam muito bem a postura de suas personas.  Trabalhando com o verde e o vermelho, sua cartela ajuda na compreensão das opções dos atores. Léo propõe uma mulher mais jovial, enquanto Leandro traz uma mulher mais velha e com atmosfera mais densa.

 

Com produção da Companhia de Teatro Autoral, “As Mulheres da Rua 23” possuem 22 indicações e 15 prêmios em mostras competitivas no Brasil. Com uma influência clara do Teatro do Absurdo, a peça com direção de Carlos Alexandre provoca gargalhadas e reflexão sobre os temas abordados.

 

É possível buscar essas mulheres em outras tantas mulheres, encontra-las em homens, amigos ou conhecidos. É fácil desvendar o endereço certo da “Rua 23” e talvez quem sabe trocar de nome por um instante para revelar segredos sem culpa, medo ou vaidade.

 

É prazeroso passar por essa Rua!

 

* Independente das críticas profissionais, sugerimos que assista aos espetáculos e faça suas próprias críticas.
* Acesse a página do espetáculo e veja também a opinião do público geral nos comentários.

 

Quem casa quer casa ou quer sexo?
Essa e muitas outras perguntas são respondidas por Carlos Simões e Drika Matos na peça "Os homens querem casar e as mulheres querem sexo", ou pelo menos eles tenta...
3 Vezes Clara
O Rio no Teatro foi conferir o espetáculo teatral "Deixa Clarear" e o que pudemos constatar é que se trata de um excelente musical na qual a imortal Clara Nunes é ...
Utopia, até onde é bom?
Imaginem um país onde existam poucas leis, e que essas leis sejam simples, básicas e de fácil compreensão. Imaginou? Então, a peça Utopia D - 500 anos d...
A Celebração do Homem
A celebração do homem   Tem toda a razão aquele que diz que “A descoberta das Américas” é um dos melhores espetáculos ...
PUBLICIDADE
RNT - ANUNCIE AQUI
Pescadores de Almas: Arte da Alma
Pescadores de Almas é inspirado na biografia da médium Walkiria Kaminski. O monólogo relata o contato mediúnico e a experiência do suic&iacut...
YANK | Hugo Bonemer interpreta um correspondente de guerra em musical que trata da homoafetividade na 2ª Guerra Mundial.
Depois de interpretar o personagem Augusto, na primeira fase da novela “A Lei do Amor”, da Rede Globo, Hugo Bonemer está nos preparativos finais para viver o personagem Stu, u...
Clássico Romeu e Julieta de volta à programação teatral carioca em ótima montagem
“um nome para romeu e julieta” é a versão adaptada e dirigida por Dani Lossant para o original de William Shakespeare. A montagem, que tem Andrêas Gatto, Daniel C...
Para ver muitas vezes e aplaudir sempre!
“Estamira – Beira do Mundo”, que foi a sensação do teatro carioca entre 2011 e 2012, está de novo em cartaz para a beleza da programação da c...
PUBLICIDADE
Não Vamos Pagar - Comédia imperdível!
Comédia imperdível! “Não vamos pagar” é uma deliciosa comédia que está em cartaz no Teatro do Sesi, no centro do Rio, até 14 ...
O detalhe que constrói o sucesso
Se o teatro pudesse ser comparado a uma casa, o lugar onde Guilherme Leme e Jô Bilac moram seriam aquelas casas cheias de bibelôs e toalhas de crochet, pratos pendurados na parede, p...
Novidades no WhatsAPp
Novidades direto do seu WhatsApp
PUBLICIDADE
FACEBOOK
PUBLICIDADE