Excesso de humor tira o encantamento de Oz
A mágica e encantadora história da menina que percorre a estrada de tijolos amarelos invade o inconsciente de pessoas de todos os cantos que nasceram ouvindo suas canções e admirando a amizade entre o “Leão Covarde”, o” Homem de Lata”, o “Espantalho” e Dorothy. “O mágico de Oz” é uma adaptação para o palco do filme estrelado por Judy Garland, no ano de 1939. A montagem assinada por Charles Möeller e Claudio Botelho, custou R$ 9 milhões. No palco do Teatro João Caetano cenários e coreografias originais com um tom bem brasileiro.
A superprodução musical é de fato de tirar o fôlego, figurinos deslumbrantes que correspondem aos originais. A caracterização é um assunto a parte com riqueza de detalhes que alteraram as feições até de nomes conhecidos como a atriz Maria Clara Gueiros e o ator Lúcio Mauro Filho.
A cenografia faz papel perfeito sendo extremamente usual. Nada está ali por acaso e tudo tem grande aproveitamento em cena pelo elenco. A direção aproveita bem todos os planos e trabalha com o elenco de forma única. Projeções de vídeo garantem interatividade e provocam a plateia.
Aplausos para Malu Rodrigues, (“A noviça rebelde”, “7 — O musical”, “O despertar da primavera”, “Beatles num céu de diamantes” e “Um violinista no telhado”) como Dorothy; Pierre Baitelli (“O despertar da primavera” e “Hedwig”, que lhe rendeu a indicação ao Prêmio Shell, em 2011) como o Espantalho e o italiano Nicola Lama (“Um violinista no telhado”) como o Homem de Lata.
Na pele do Leão Covarde Lúcio Mauro Filho brilha com uma composição assumidamente gay. Coragem dos diretores que assumiram a proposta. Maria Clara Gueiros arranca gargalhadas como a Bruxa Má, o que não falta são cacos e muitos improvisos. Apesar de agradar e de ser uma proposta assinada pela direção vale ressaltar que acaba tirando a magia de Oz. O espetáculo infantil acaba sendo direcionado para a categoria do adulto e o excesso de piadas provoca a quebra do encantamento. A graça pela graça. O riso pelo riso. O que não favorece o contar da história da pequena Dorothy.