A sereia cai no samba
As bolhas de sabão tomam conta do teatro, conduzem a plateia para um outro universo. Em instantes estamos no reino das águas, no mundo encantando da pequena sereia. O público faz esse “mergulho” com o auxilio das personagens que fazem parte desta história que chega no Teatro Vanucci, na Gávea com lindas canções.
A montagem tem adaptação de Carla Reis que acerta em cheio com muito originalidade. O conto escrito pelo dinamarquês Hans Christian Andersen no século XIX, conta a história de uma jovem sereia disposta a dar a sua vida nos mares e a sua identidade como sereia a fim de conseguir uma alma humana e o amor de um príncipe. No Vanucci, quando a sereia se torna humana, vai parar na praia de Copacabana. A pequena agora conhece o Rio de Janeiro e temas poluição, a falta de educação, Jogos Olímpicos e Copa do Mundo entram em cena com irreverencia e muito bom humor. Um espetáculo para crianças de 0 a 90 anos.
As canções escritas por Bruno Camurati e Tony Lucchesi também são pontos fortes da montagem. Sempre no tom e na medida, as músicas auxiliam a contar a história. Com um elenco afinado e carismático as cenas ficam completas cantadas ao vivo.
É importante ressaltar a qualidade artística de todo o elenco, que brilha em cena e aproveita cada um de seus momentos. A cumplicidade dos atores fica clara para o público que se delicia com o jogo de cena.
No elenco temos: Giovanna Rangel, Erika Thomas, Thiago Carvalho, Fernanda Biacamanno, Lorena Ramos, Raí Valadão, Jean Pontes, Nando Moretzsohn, Greg Pinagé e Luisa Schurig.
No dia em que pude prestigiar e me divertir com essa história estava m cena uma atriz que me surpreendeu, principalmente depois de saber que estava ali fazendo uma substituição. Trata-se de Fernanda Biacamanno. Dona de um talento impar, uma bela voz e carisma singular, ela levantou a plateia em cada uma de suas entradas e saídas de cena. Crível, ela se tornou ali diante de nossos olhos, a nossa pequena sereia.
O figurino de Fernanda Lima casa com o texto adaptado de Carla Reis e favorece a montagem. A cenografia é usual e pratica. Com o auxilio de grandes pedras as cenas vão sendo montadas e somos transportados para outros lugares. Uma cortina de fitas de todos os tons de azul dão a onda e o movimento das profundezas do oceano. Os acessórios de cênicos são coloridos e favorecem no decorrer da história. A iluminação dá o tom preciso para cada momento do espetáculo. Tudo está ali de forma pensada com coerência, sem excessos e nada é por acaso.
Investir na formação de plateia com espetáculos infantis, faz gerar nas crianças o hábito da cultura teatral. Prestigiar montagens como “A Pequena Sereia – Um Mergulho Musical” é garantia de alegria para toda a família.
Alessandro Moura- Jornalista