Em cartaz no Teatro Maison de France, Academia do Coração surpreende com comédia leve e que busca provocar a reflexão na plateia. O resultado é uma identificação coletiva com o elenco, suas histórias, seus dramas e seu humor. O riso do cotidiano é o alvo do espetáculo que aposta em incentivar a saúde física, mental e a qualidade de vida.
“Tudo se passa numa clínica de medicina esportiva, que difere das academias convencionais “de malhação”. Lá temos uma jovem médica alemã, durona, de plantão, que também é a dona do estabelecimento; um alegre e vaidoso professor de educação física, também jovem, sócio minoritário da academia e três alunos de meia-idade razoavelmente abastados, já que a mensalidade da academia é salgada: uma senhora, de seus sessenta anos, que pensa que é bailarina, mas, na verdade, é artista plástica; um senhor aposentado, na mesma faixa, que sonha com um passado de sapateador que ele não foi e um ex- garanhão, também sessentão, antigo cantor de ópera, que não percebe que o tempo passou.
Todos muito ranzinzas, muito mal-humorados, de mal com a vida. Um belo dia, surge Lucas, um jovem de seus trinta anos, que sofreu um problema cardíaco seríssimo, mas que não perdeu a alegria de viver. Aos poucos, Lucas vai mudando a vida de todos, trazendo uma luz e um otimismo que eles não acreditavam mais ser ainda possíveis.
Aos poucos, eles desenvolvem, entre si, um inesperado afeto e amizade. E quando Lucas anuncia a sua partida, uma ponta de tristeza se mistura à alegria da certeza de mudanças bem-vindas. A peça promete muitas gargalhadas, alguma emoção, muita música e, naturalmente, um bom-humor negro.”
O 20º texto de Flávio Marinho começa de forma despretensiosa, com diálogos longos e arrastados, mas vai crescendo, tomando forma e corpo através de um elenco que brilha em cena. Palmas para Cristina Pereira, Ernani Moraes, Bia Nunnes, Sandro Christopher, Arlindo Lopes e Renato Reston.
Ali podemos conferir grandes talentos, desde a bela e conhecida voz de Sandro Christopher até um número de sapateado de Ernani Moraes. Todo o elenco está impecável, mas preciso ressaltar o trabalho de Arlindo Lopes. Palmas, aplausos e assobios. Interpretação na medida da personagem.
A direção também é assinada por Flávio Marinho que aproveita as cores do elenco, planos e trabalha em perfeita parceria com a cenografia e a iluminação. Esteiras, bicicletas, aparelho de musculação... o cenário é usual e prático e remete ao ambiente de uma academia de ginástica. Trabalho de Edward Monteiro .
Os figurinos são de Ney Madeira, Dani Vidal e Pati Faedo, respeitam uma cartela de cores, com pesquisa e ajudam na formação de cada personagem. A luz auxilia nas trocas de cena e favorecem a direção. Paulo Cesar Medeiros é o responsável pelo belo trabalho. A sonoplastia ajuda a contar a história de cada uma das personagens e soma com cada entrada e saída de cena.
Um espetáculo para rir, se emocionar, se identificar e aplaudir!
Alessandro Moura