CRÍTICA | À Beira do Abismo me Cresceram Asas

À Beira do Abismo me Cresceram Asas - O Desabrochar das Flores

 


Depois de uma temporada se sucesso no Teatro Leblon o espetáculo ‘À Beira do Abismo Me Cresceram Asas’ está com uma nova temporada no Teatro Fashion Mall.

A estória gira em tordo de duas senhoras em uma casa de repouso para idosos, onde elas contam sobre suas vidas, as dores e os amores, e sobre outros personagens que ali residem.  

 

Numa narrativa leve e bem situada a atriz Maitê Proença, também autora da peça e assina a direção com a Clarice Niskier, é Teresinha, uma senhora que foi deixada ali por seu filho e aguarda a chegada do mesmo junto com os netos em um dia de visitas, enquanto Clarisse Derzié Luz é Valdina, uma personagem alegre e ‘pra frente’.

 

É visível o trabalho de construção da personagem de ambas as atrizes que mudam seu jeito de andar, sua voz e até mesmo criam trejeitos especiais e bem característicos para cada uma das personagens. Enquanto Teresinha é mais quieta e emocional, Valdina é o contrário e a amizade delas é um complemento perfeito entre a dor e a felicidade de envelhecer e poder vivenciar suas memorias.

 

Podemos dizer que existe uma briga de titãs entre Maitê e Clarisse, é impossível dizer que uma está melhor que a outra, pois a duas personificam brilhantemente nossas mães, avós, tias e tantas outras senhoras que podemos conhecer.

 

O texto criado por Maitê, à partir de depoimentos colhidos em asilos e casas de repouso por Fernando Duarte, nos remete á uma doce reflexão sobre o que é envelhecer, sobre quem nós somos, quem já fomos e quem queremos ser.

 

Com trechos bem traçados, quase todo o espetáculo é uma espécie de conversa entra as personagens e uma rapaz que se personifica como o próprio público. Além disso, saímos do teatro e levamos bordões como ‘Ô gloria!’, repetida diversas vezes pela Valdina em momentos ideais para o contexto narrativo, e ‘A velhice não é para os covardes’, parafraseando a cantora Edith Piaf.

 

Ocorreram mudanças sutis na direção desde sua estreia no ano passado para essa nova temporada, mas nada que faça perder a fascinação e a poética narrativa. Pelo contrario, a direção se afinou e deixou o espetáculo mais enxuto do que já era.

 

A trilha escolhida por Alessandro Perssan é composta de musicas bem antigas e podemos dizer clássicas, mas muitos que assistem ao espetáculo provavelmente não as conhece e elas dão toda a dinâmica para a estruturação da época vivenciada pelas personagens.

 

O cenário criado por Cristina Novaes é exposto quando se entra no teatro, pois as cortinas estão abertas e as atrizes transitam pelo palco. O cenário juntamente com o desenho de luz de Jorginho de Carvalho torna uma hora e meia de espetáculo numa expressão de vivacidade lúdica e ao mesmo tempo verdadeira.

 

O figurino de Beth Filipecki é uma grande brincadeira, usando características de roupas velhas e referências infantis da todo um charme as duas senhoras.

 

É emocionante quando se vai ao teatro e podemos rir e chorar ao mesmo tempo, onde os atores possuem uma sintonia graciosa e amável que conquista o seu público. Onde as mesmas de desabrocham, e nos encanta. ‘À Beira do Abismo Me Cresceram Asas’ é leve e acolhedor como uma carinho de um ente querido.

 

Peça À Beira do Abismo me cresceram Asas

Temporada de De 14/03/2014 Até 06/06/2014
Por Paulo Oliveira

 

* Independente das críticas profissionais, sugerimos que assista aos espetáculos e faça suas próprias críticas.
* Acesse a página do espetáculo e veja também a opinião do público geral nos comentários.

 

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